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A psicóloga de InuYasha

 

            Eram nove e meia da manhã. Saí correndo pelas ruas, com a pasta em cima da minha cabeça para proteger meu cabelo da chuva.

            Quando cheguei à sala de espera do meu consultório, já havia alguém lá. Era um garoto muito bonito com cabelos longos e prateados e olhos amarelos.

            - Olá! – disse, colocando a pasta em cima do balcão.

            - Ah, já não era sem tempo! – exclamou o garoto – Estou esperando há um tempão!

            - Me desculpe... – murmurei.

            “Que mal humor!”

            - Que seja! – disse o garoto – Podemos ir ou não?

            - Claro...

            Guardei meu casaco em um armário, peguei minha pasta e fui para meu consultório. Era uma salinha simpática onde quase tudo era de madeira.

            O garoto caminhou até o divã e se deitou. Só então eu reparei que ele estava descalço.

            - Então... – disse, sentando em minha cadeira de rodinhas – Seu nome é...

            - InuYasha. – ele disse.

            - E seu problema é...

            - A Kagome! Ô, garota enjoada! Não suporto aquela chata!

            - Por quê? – perguntei.

            - Porque ela é uma chorona, vive me mandando sentar e sempre berra no meu ouvido! – ele reclamou.

            - E seus ouvidos são essas orelhas de cachorro ou isso aí é só uma fantasia?

            - O que você acha? – ele gritou.

            - Ah, desculpe...

            - É claro que são de verdade! Afinal eu sou meio-yokai...

            - A meia bateu no seu pai?

            - Meio-yokai, sua surda!

            - Ah, sim! Claro... Desculpe...

            - Hunf...

            - Mas... Me diga, InuYasha... Como foi que tudo começou?

            - Bem... Começou quando meu pai yokai conheceu minha mãe, que era humana, e se apaixonou por ela. Aí os dois resolveram ter um filho e...

            - Eu quis dizer seu problema com a Kagome!

            - Ah! Começou quando aquela idiota atravessou o poço e foi parar no meu mundo. Ela me acordou, depois destruiu a jóia de quatro almas e agora os fragmentos estão espalhados e nós precisamos procurar. Aí ela inventou de colocar uma raposa e um tarado na equipe e depois ficou toda nhénhémnhém com um yokai lobo, depois ela me mandou sentar, aí a gente brigou, aí ela me mandou salvar pessoas, aí ela me mandou sentar, aí a gente seguiu viagem, aí brigamos, aí ela me mandou sentar, aí ela voltou para casa e depois voltou para minha era, aí a gente brigou, aí ela me mandou sentar, aí eu salvei ela, aí ela foi uma ingrata, aí...

            - Espera! Espera! – eu pedi – Poderia colocar tudo isso na ordem cronológica?

            - Ah, claro... Aí a gente brigou, aí eu mandei ela para casa, aí ela voltou e me mandou sentar, aí ela foi seqüestrada, aí eu salvei ela, aí ela me mandou sentar...

            - Bem, pelo que percebi, há mesmo uma “sombra do mal” entre vocês.

            - Unn?

            - Um problema.

            - E qual é?

            - Vocês brigam demais.

            - Ahá! Eu sabia! E é tudo culpa dela.

            - Bem, pelo que percebi, InuYasha, vocês não trocam muitas palavras além de “senta”, “senta” e... “senta”... Por que isso?

            - Porque sempre que ela me manda sentar, eu caio... É uma maldição.

            - E porque você não experimenta sentar?

            - Porque eu não vou fazer isso!

            - Está bem! Está bem! E você já tentou ser mais gentil com ela?

            - Sim.

            - E...?

            - Ela me mandou sentar...