Trowa passou a semana elaborando um jantar especial para receber Duo e Quatre que estavam voltando de viagem. Heero achava aquilo perda de tempo.

?Pra que jantar se cada par tinha comida em casa? Espiava de longe a empolgação do outro se esmerando em cuidados na cozinha e balançava a cabeça. Perda de tempo e de grana, não somos ricos. Olha o idiota as voltas com receitas e ingredientes novos. Pra mim ele não muda o cardápio, é sempre o mesmo. Pra que essa frescura só pra receber o Duo e o Quatre? Humpf. Ele sabe muito bem que sou um fracasso na cozinha e não me deixa chegar perto. Até a água fervendo ele diz que eu deixo transbordar. E tudo isso por que? ?Porque vamos oferecer um jantar aos nossos amigos!? Quer saber? Vou na cozinha encher um pouco o saco dele!?

Trowa: Heero, não se aproxime! Tem um suflê no forno e qualquer barulhinho pode fazê-lo murchar!

Heero: E eu com isso?

Trowa: Não seja rabugento. Você parece um velho recalcado. Quer me ajudar? Pegue o vidrinho vermelho que está na mesa.

Heero: Pra que serve isso?

Trowa: Não sei. A vendedora garantiu que é um tempero incrível.

Heero: Grande cozinheiro é você. Nem sabe pra que serve essa porcaria. E se for veneno?

Trowa: Quer parar de ser psicótico? Por que me venderiam veneno?

Heero: Que gosto horrível!

Trowa: HEERO! NÃO ME DIGA QUE VOCÊ BEBEU ISSO!

Heero: Foi só um gole, pegue o resto e jogue fora. Qualquer comida com isso ficará intragável.

Trowa: BAKA! Saia daqui antes que eu perca a paciência!

Heero saiu sorrindo de lado. Irritar Trowa era um de seus passatempos favoritos. Engraçado que aquele tal tempero estava dando um sono. Devia ser o calor que vinha da cozinha. Deitou-se no tapete mesmo e dormiu em seguida.

Heero acordou quando anoitecia, com um chute nada delicado de Trowa em seu traseiro.

Trowa: Acorde! Vá tomar um banho e se arrumar. Os rapazes devem estar chegando.

Heero: Rapazes?

Trowa: Heero, não se faça de engraçadinho. Isso não combina com você. São quase seis horas e eles...

Trowa não conseguiu falar mais nada. Foi surpreendido por um abraço apertado e um beijo incandescente de Heero.

Trowa tentando se soltar: Pare, Heero. Agora não!

Heero: Agora sim!

Nisso, alguém bate à porta. A muito custo Trowa consegue se soltar e abrir a porta, encontrando Duo e Quatre sorridentes.

Duo: Oi galera. Cadê a bóia?

Quatre: Olá, amigos.

Trowa sendo agarrado por Heero: SOLTA! Oi rapazes, entrem. HEERO SE COMPORTE!

Trowa dá um empurrão em Heero que cai de bunda no chão. Heero se levanta com cara de choro e olha de Trowa para Duo e Quatre.

Heero: Vocês estão vendo? Ele não me ama mais. Não me quer. Eu devo estar feio e ele não gosta mais de mim!

Trowa: Você está de porre?

Duo: Ihhhhh! Que é isso, cara?

Quatre: Não fique assim, Heero.

Heero: Só você me entende, filhote de Legolas. Esse ingrato rejeita qualquer beijo que eu queira oferecer.

Duo se aproxima e põe o braço no ombro de Heero.

Duo: Escute, rapaz. Você não acha que não é bem hora pra isso? Vamos jantar. Depois vocês conversam.

Heero: EU NÃO QUERO JANTAR! QUERO TREPAR!

Trowa: CALE-SE HEERO!

Quatre: Por Alá!

Duo: Esse é o Heero mesmo?

Trowa: Heero, ou você vai agora mesmo para a mesa pra jantarmos ou te ponho na rua!
Heero com cara de safado: Vão me jantar?
Trowa: HEERO!
Heero chorando: Eu vou, mas não me expulse! Como vou viver sem seu amor?

A contragosto Heero seguiu os outros para a sala, mas quem disse que ele se comportou? No inicio do jantar ele ficou quieto, comeu, não bebeu porque os outros pensando que ele estava bêbado não deixaram que bebesse nada além de água. Após Trowa com a ajuda de Duo ter retirado os pratos da mesa Heero agiu. Ligou o aparelho de som e colocou um cd de música dance, em seguida subiu na mesa. Quatre ao ver aquilo seguiu para a cozinha avisar aos outros, mas não conseguia falar nada.
Fez sinal para eles o seguirem e se surpreenderem ao ver Heero apenas de cuequinhas samba canção dançando como um stripper. Duo tentou puxá-lo pela mão e caiu com Heero por cima dele que gritava.

Heero: ME SOLTA DUO. EU PERTENÇO AO TROWA! SOCORRO! ESTUPRO!

Duo: Você que está me agarrando. Solte você!

Trowa: Heero, você enlouqueceu?

Quatre e Trowa conseguiram puxar Heero e jogá-lo no sofá, onde ele se encolheu com cara de choro. Duo puxou Trowa para um papo a sós enquanto Quatre vigiava Heero.

Duo: Me conte o que aconteceu com ele. Álcool nenhum faria o Heero agir assim.

Trowa: Eu não sei. Ele tava normal. Reclamão e chato como sempre. Veio a cozinha, encheu meu saco e depois voltou pra sala e dormiu no tapete. Quando acordou estava desse jeito me agarrando e falando essas coisas.

Duo: Estranho isso vindo dele. Se fosse eu não era tão esquisito assim. Mas Heero?

Trowa: O que vamos fazer?

Duo rindo: Acho que ele está carente. Dá um pouco do que ele precisa.

Trowa vermelho: Não fale assim! Ele nunca perdeu a compostura desse jeito!

Duo: Nem entre quatro paredes?

Trowa: Não estamos a sós, estamos? E ele sempre se comporta, você o conhece bem.

Nisso, Heero vinha na direção deles sendo seguido por um Quatre choroso.

Heero: É COM ELE QUE VOCÊ ESTÁ ME TRAINDO?

Quatre: Não fale assim, Heero!

Heero: Entendi tudo. Você quer trocar de casais, não é, safadinho? Eu fico com o loirinho e você pega o Duo. Depois trocamos.

Trowa ainda mais vermelho: HEERO! CALE-SE OU TE JOGO NA RUA SEM NEM UM LENÇO!

Heero: BUÁÁÁÁÁÁÁÁÁ! ELE NÃO ME AMA MAIS, TÃO VENDO? Ele só quis abusar da minha inocência!

Duo: Que inocência?

Quatre: Eu não estou me sentindo bem. Pobre Heero!

Duo: Trowa, o que podemos fazer para ajudar?

Trowa: Acho que nada. Eu sei lidar com ele então me viro.

Heero: Se vira? OBA!

Trowa: HEERO! Vá pro quarto e não saia!

Heero: To indo, amor!

Duo: E não é que ele foi mesmo? Rapaz, nunca imaginei encontrar o Heero assim. O que você fez com ele, Trowa? Tem um pouco pro Quatre desinibir mais?

Quatre vermelho: Duo!!

Trowa: Só se ele bateu a cabeça, porque como já falei, hoje a tarde ele estava normal. Eu agradeço rapazes, mas eu devo cuidar dele. De repente levar a um hospital psiquiátrico.

Quatre: Não quer mesmo que a gente fique?

Duo: Se ficarmos ele propõe de novo troca de casais.

Quatre: Vamos embora então. Mande noticias, Trowa.

Trowa se despediu dos amigos e voltou para o quarto onde encontrou Heero totalmente pelado o esperando na cama. Pelo visto a cura dele ficaria para o dia seguinte.

Ao acordar Trowa se surpreendeu ao não encontrar Heero ao seu lado. Levantou-se ainda sonolento quando foi jogado novamente na cama por um Heero ainda mais eufórico que o do dia anterior. Trazia nas mãos algo que parecia ingressos.

Heero: TROWA! VAMOS AO PARQUE!

Trowa: Onde? Não vamos a lugar nenhum a não ser a um psiquiatra te examinar. A pressão que você sofreu quando lutávamos deve ter sido demais.

Heero: Eu fui bem cedinho comprar ingressos e temos o parque todinho nosso. Vá se vestir que estou esperando.

Trowa: E se eu não for?

Heero: Eu choro!

Trowa: Nunca pensei ouvir algo parecido vindo de você. Tudo bem, se você prometer que amanhã iremos ao médico.

Heero: Prometo o que você quiser.

No parque Trowa se esforçava para se divertir. Heero parecia mais seu filho o arrastando para todos os brinquedos, principalmente montanha russa. Após oito voltas seguidas Trowa não resistiu e vomitou assim que voltou ao chão. Heero não desanimou. O arrastou para as barracas de prêmios onde não saiu até fazer Trowa ganhar para ele um coelho rosa de pelúcia. Após horas extenuantes (para Trowa), Heero dá-se por satisfeito e concorda em voltar pra casa. Trowa cai no sofá exausto e estava quase pegando no sono quando as batidas na porta o despertam.

Duo: E ai, cadê o new kid on the block? E que cara é essa? Um caminhão te atropelou?

Trow: Um caminhão chamado Heero se você quer saber!

Duo: Nossa! Ele está tão selvagem assim?

Trowa: Está. E além disso, me fez acompanhá-lo ao parque de diversões onde só saímos a poucos minutos atrás.

Duo: Não creio. Heero num parque de diversões? Ele caiu de cabeça com certeza!

Heero: Ah! Te peguei! Ia fugir com esse cabeludo aí, heim, Trowa? Me abandonar na rua da amargura. Como vou viver sem você, sem teus carinhos, sem teu bolo de baunilha...

Duo: Perai, rapaz. Ninguém aqui ta fugindo não. Eu já tenho o Quatre. Bolo de baunilha? Troco por uma foto do Quatre pelado!

Heero: INFIEL! FORA DAQUI!

Trowa: Vá, Duo. Deixa que eu cuido dele. Amanhã vou levá-lo ao psiquiatra. Amanhã nada! Vamos agora mesmo!

Duo: Não querendo ser estraga prazeres, já são quase onze da noite, amigo. Só amanhã.

Heero: Trowaaaaaa! Duvido que me pegue!

Dizendo essas palavras, Heero tirou a roupa e voltou correndo para dentro sendo perseguido pro Trowa que não sabia se o surrava ou não. Duo fechou a porta e foi embora. (Detalhe que estavam do lado de fora da casa, quem passou não deixou de dar uma boa olhada.)

No outro dia bem cedo Duo dessa vez acompanhado de Quatre voltou a casa de Trowa e Heero. Estão ansiosos para saber se o psiquiatra conseguirá curar Heero ou terão de se acostumar com alguém outrora tão sisudo tendo um comportamento ainda mais exuberante que o de Duo. Heero só concordou em ir ao médico se Trowa o deixasse levar o coelho de pelúcia que ele ganhou no parque. Trowa sem escolha concordou. Heero ao contrário das tradicionais roupas despojadas que sempre vestia como camisetas, bermudas, jeans e tênis usava uma calça de lycra cor de laranja super colada e um top que mostrava a barriga. Além de botas de verniz preto.

Duo: Credo! Tá parecendo uma bicha louca! Onde é o concurso de fantasias?

Quatre: Não fale assim, Duo. Não vê que ele não está bem?

Duo: Minha diversão favorita é tirar sarro do Heero. Agora que tenho mais motivo pra isso não posso?

Trowa: Ainda bem que vamos de carro. Caminhar com esse estrupício de pelúcia e essa biba louca pela rua ia ser o maior mico.

Heero: Liga o som bem alto!

Duo: Ta maus mesmo!

Horas depois os quatro voltaram pra casa. Trowa jogou-se no sofá, desanimado. Quatre olhava ao redor com cara de desespero. Duo controlava-se para não rir. Heero devorava diversos pirulitos agarrado em seu coelho de pelúcia.

Quatre: Quer dizer que não tem jeito?

Trowa: Não. O médico não soube entender o que se passou com ele. Os exames não acusaram nada.

Duo: Esses exames saíram rápido demais.

Trowa: Tecnologia avançada é outra coisa. O jeito é nos conformarmos em conviver com ele dessa maneira.

Quatre: Trowa, chegue aqui. O médico falou que ele provavelmente tomou um grande choque, não foi?

Trowa: Sim, mas não imagino que tipo de choque ele possa ter tomado para ficar assim.

Quatre: Quem sabe se ele não tomar outro choque não volte ao normal?

Trowa: O que você sugere?

Assim, voltamos a parte inicial da história. Trowa fingindo abandonar Heero, arrumou uma mala dizendo que ia para outra cidade. Antes que Heero tivesse qualquer reação partiu em direção ao aeroporto chegando nele em poucos instantes, acompanhado dos inseparáveis Duo e Quatre. Eles esperavam que ao ver Trowa abandoná-lo, Heero com o choque voltaria ao normal, mas não foi o que aconteceu. Heero foi atrás dele, e ao avistá-lo fingindo comprar passagens agarrou-se em suas pernas chorando, esperneando e fazendo escândalo digno de Shuuichi Shindo. Todo mundo no aeroporto parou para apreciar o show. Duo não parava de rir, Quatre soluçava e Trowa tentava caminhar sem conseguir, pois estava sendo agarrado pelas duas pernas por um Heero desesperado. Após uns bons minutos de escândalo, e antes que fossem expulsos, conseguiram controlá-lo um pouco e voltar para casa, mas no caminho um encontro inesperado ia reverter a situação.

Foram caminhando a pé. Heero agarrado em Trowa pelo pescoço, para impedi-lo de ?fugir?. Duo tentando se controlar para não cair na risada e Quatre de cabeça baixa. Ao passarem por uma pequena loja uma mulher jovem acenou para Trowa.

Mulher: Moço! Espere!

Duo: É com um de nós?

Heero: É com ela que você está me traindo, Trowa?

Quatre: Eu não a conheço, e vocês?

A moça se aproxima de Trowa, um pouco ofegante pela corrida que dera. Traz nas mãos um pequeno frasco.

Mulher: Moço, eu te reconheço. Você comprou aqui um tempero especial para suflê. Está lembrado?

Trowa: Não sei. Acho que sim. Solte Heero!

Mulher: Eu tenho que te pedir desculpas. Minha vó é cigana e ela te vendeu um elixir do amor. Ela adora pregar essas peças nas pessoas. Se alguém beber aquilo pode ter reações estranhas.

Trowa: Heero bebeu aquilo! Então é por isso que ele está assim?

Duo: Quem diria!

Mulher: Peço que me desculpe. Foi ele quem bebeu, certo? É só fazer com que ele beba esse aqui e voltará ao normal. É um antídoto.

Trowa: Eu não acredito muito nessas coisas, mas vendo como Heero se transformou tenho mais que acreditar. Obrigada, moça.

Trowa nem esperou chegar em casa. Com ajuda de Quatre e Duo, dominaram Heero que se debatia e o forçaram a beber todo o conteúdo do frasco. Ele caiu no sono em seguida. Os rapazes o levaram para casa onde o deitaram na cama.

Quatre: Pronto. Agora é só esperar ele acordar.

Duo: E se isso for mentira daquela garota?

Trowa: Por que ela inventaria essa mentira? E as atitudes de Heero? Ele nunca foi assim antes até tomar aquela porcaria.

Duo: Ele é doido mesmo. Onde já se viu beber tempero? Se ainda fosse um whisky...

Quatre: Olhem! Ele está acordando!

Heero abre os olhos lentamente. Vê tudo meio enevoado e esfrega os olhos. Duo, Quatre e Trowa o encaram esperançosos.

Heero: Quem morreu?

Trowa: Você está bem, Heero?

Heero: Tô.

Duo: Não sente nada estranho?

Heero: Sinto sim.

Quatre: O que?

Heero: Vontade de mijar. Saiam da frente ou faço em cima de vocês.

Dizendo essas educadíssimas palavras Heero corre para o banheiro. Duo cai na gargalhada dessa vez acompanhado pelos outros.

À noite, sozinhos e abraçados na cama, Trowa conta tudo o que se passou a Heero.

Heero: Quer dizer que eu pirei, agi como um babaca, te ataquei, saí na rua vestido de bicha louca e tudo isso por causa daquele vidrinho malcheiroso?

Trowa: Sim. Quatre e Duo são testemunhas. Você até propôs troca de casais a eles.

Heero: Eu devia estar louco mesmo.

Heero: Trowa, e aquele coelho ridículo? Por que ainda não jogou fora?

Trowa: Não vou jogar. Vai servir de lembrança desses loucos e engraçados dias agora que tudo voltou ao normal.

Heero: Trowa, quando você foi ao aeroporto pretendia mesmo me deixar?

Trowa: Seu besta! Claro que não. Foi só uma tentativa de fazer você recobrar a sanidade.

Heero: E se eu ficasse para sempre daquele jeito?

Trowa: Eu teria de me conformar. Afinal eu te amo, escolhi você e não te deixaria por nada desse mundo.

Heero: Humpf. Eu também.

Trowa: Você também o que?

Heero: Te amo. Satisfeito?

Trowa: Ainda não. Chegue mais perto.

Fim

Nota: UFA! Saiu o presente da Pipezinha. Não é o bolo de quatro andares com cobertura que eu pretendia fazer, tá mais para um bolinho de rodoviária mesmo. Nem ficou engraçadinho. Mas se não fosse a Elfa sugerir que eu fizesse um nonsense com o Heero agindo parecido com o Shuuichi Shindo de Gravitation eu ainda tava travada. O coelho rosa eu peguei emprestado do Ryuuichi Sakuma do mesmo anime. Feliz Natal Pipe! Que no próximo ano sua amiga pouco talentosa escreva algo à sua altura!