O pergaminho

Ficwriter: Fefa Yuki-chan~*
Harry Potter - romance - alternaverse
12 anos - spoiler - aguardando continuação


 

Era um dia normal em Hogwarts, com algumas poções erradas a mais e atenção de menos. Nada de estranho até aí.

- Gina! – me cutucou Luna àquela manh㠖 Sangue de sangue-suga não suco de bolhas! – disse me impedindo de pegar o frasquinho errado pela segunda vez naquele dia.

- Ah é! Obrigado Luna.

- Sabe? Você está muito desligada ultimamente...

- E vocês muito sonhadora e nem por isso você me viu te repreendendo.

- Ai Gin...

- Desculpe..estou de mal humor.

- Será que a poção das senhoritas já está devidamente pronta? Pois estão conversando muito e fazendo de menos. – disse Prof. Slughorn.

- Quase Prof. Slughorn... só falta..er... – começou Luna.

- Colocar o rabo de lagarta cortada dentro da infusão de sangue de sangue-suga. Cozinhará mais uns três minutos e já estará pronta. – terminei antes que Luna pudesse falar alguma besteira.

- Continuem... – disse prof. Slughorn.

- Não pense que eu não presto atenção Luna. Só estou meio desligada hoje – disse colocando bruscamente o rabo de lagarta picado dentro e minha poção que imediatamente virou de amarelo-pus para um azul claro.

Levantei a mão para chamar prof. Slughorn. Ele veio até a mesa, olhou minha poção que se encontrava em um azul perolado e olhou para mim dizendo.

- Dez pontos para a Grifinória por uma poção perfeita. Pode ir, srta Weasley.

Me levantei bruscamente, peguei meus materiais e fui lavá-los na pia para poder guardá-los.

Guardei minhas coisas e saí da sala o mais rápido que pude.

Eu não tinha dormido direito e estava com um péssimo humor.

Não era meu dia!

E acho que ele não podia ficar pior!

- Gina! – gritou Colin ao longe. Não devia ter dito nada...ô boca grande que eu tenho! – Hermione estava te chamando. Estava com Harry e Rony no Salão comunal.

- Vão sair de novo...

- O que disse?

- Nada Colin..nada... diga a eles... na verdade não diga nada.

- Não irá falar com eles?

- Posso imaginar o que querem...fale que não me encontrou.

- Mas...

- Colin!

- Está...está bem...

Me dirigi até os jardins e me sentei embaixo de uma árvore, a mesma árvore que eu sentava desde o começo do ano letivo. Puxei uma folha de pergaminho e uma pena e coloquei sobre meu colo.

“A rotina dos meus dias ficou baseada nisso. Ver as pessoas olharem assustadas sobre os seus ombros, como se um fantasma estivesse à solta por Hogwarts. O medo da morte nunca esteve tão forte, e minha sina de parecer mais sozinha que nunca está guardada em meu peito como um segredo, segredo que somente comento quando encosto a ponta de minha pena em um pedaço de pergaminho. É olhar pros lados e não ver mais ninguém com quem costumava contar. É viver de medo e solidão, na esperança de que alguém ainda há de me trazer um sorriso aos lábios...”.

Olhei no relógio e vi que estava quase no horário da minha aula de Transfiguração.

- Droga...

Levantei rápido, fechei minha bolsa e saí correndo de volta ao castelo. Entrei na sala de aula sem fôlego e procurei por um lugar para sentar.

Me sentei em uma carteira vazia e abri o livro de Transfiguração esperando quem sentaria ao meu lado. Havia de admitir que era muito estranho estar em uma aula sabendo que os outros haviam saído e eu nem havia me despedido.

- Olá..posso sentar ao seu lado? – disse Susana Miller, uma garota quietinha da Grifinória com um olhar meio encabulado.

- Claro Susana! Pode sentar.

- Você está bem? Está com uma cara...

- Eu...ahmm...

- Prestem atenção, sim? – disse prof McGonagall na frente da sala.

- Me desculpe... – sussurrou Susana ao meu lado.

- Desculpar pelo quê?

- Pela pergunta. Certamente não é algo que queria responder. – disse Susana.

- Não..Susana..imagine é que...é uma situação meio delicada, sabe?

- Eu entendo... – respondeu com um sorriso. E assim ficamos conversando em sussurros durante a aula; às vezes perguntando sobre uma palavra que não conseguíamos ler, ou ajudando com os feitiços de transfiguração.

No final da aula rumamos juntas para o Salão Principal para o almoço.

- Sou mestiça sabe? Meu pai é bruxo, minha mãe é trouxa. Está um caos na família desde que Você-Sabe-Quem voltou.

- Em qual família não está... sou puro sangue mas amante de trouxas, é tão perigoso como ser nascida trouxa, sabe... meus pais morrem de medo comigo em Hogwarts, com tantos comensais rondando a escola...

- Quer dizer..Draco Malfoy?

- Ah, ele é só um deles... – disse me largando na cadeira, morta de fome.

- Um comensal bem bonitinho, me desculpe dizer.

- O quê?! Susana o que você bebeu? Você realmente..acha Malfoy bonito?!

- Oras, você não acha? – disse Susana assustada – É a primeira garota que eu ouço falando que não acha Malfoy bonito. Toda garota de Hogwarts tem uma quedinha por ele, até mesmo as Grifinórias! Acham aquela cara de mal dele uma graça.

- Essas garotas andam recebendo feitiços demais na cabeça...só pode ser... – disse balançando a cabeça e me servindo de um pastelão de frango. Ao fazer isso puxei a mesma folha de pergaminho que escrevera mais cedo naquele dia e uma pena.

- O que é isso?

- Uma coisa que escrevi hoje de manhã... – disse estendendo o papel para Susana.

- É lindo...

- Meio deprimente, mas não ando conseguindo escrever os textos que escrevia nos anos anteriores. Tenho envelopes cheios de pedaços de pergaminhos com pequenas escritas. Hermione sempre disse que valia a pena guardá-los.

- 'É viver de medo e solidão, na esperança de que alguém ainda há de me trazer um sorriso aos lábios...' – repetiu Susana – Lindo.

- É...não sei de onde surgiu tanta inspiração! – disse pegando o pergaminho novamente.

- Bom...acho melhor irmos andando com esse almoço, sabe? Temos aula de História da Magia no próximo período. Duas!

- Ah não... – gemi.

A aula de História da Magia era compartilhada com os alunos da Sonserina, ou seja, e a aula era tediosa com um toque de irritante. Bela combinação, não é?

Chegamos a sala de aula com antecedência e nos sentamos em uma carteira mais aos fundos enquanto víamos as outras pessoas ocupando as outras cadeiras.

- Sabe, devia continuar com esse texto. – disse Susana me devolvendo o pergaminho.

- Bom, tenho a aula de História inteira pela frente. Opa! – exclamei ao derrubar minha pena. Me curvei para o lado de fora da carteira para pegá-la quando um pé chutou minha pena para frente.

- Não devia ficar derrubando suas coisas por ai, alguém pode acabar chutando por acidente – disse a voz arrastada de Draco Malfoy com ar zombeteiro.

- Accio pena. – disse apontando a varinha para a pena que veio voando para minha mão aberta. – Sabe, não devia provocar pessoas que estão quietas nos seus lugares. Alguém pode acabar te enfeitiçando por acidente. Afinal, não devia nem estar aqui...seu ano está na aula de Transfiguração.

- Preciso falar com Binns.

- Seja breve, então. Sua presença incomoda, sabe?

- Muito petulante para uma sangue-sujo.

- Muito esnobe para alguém sem caráter.

- Gin... – sussurrou Susana puxando minhas vestes para baixo fazendo eu me sentar.

Me sentei a contra gosto e puxei o pergaminho para mim quando prof. Binns começou a falar da revolução dos elfos.

“Olho para os lados e vejo pessoas que fingem ser o que não são. Que olham para as pessoas com superioridade e não vêm o que suas almas escondem. Mortes. Medo. Decepção. Esquecimento”.

Escrevi até o final da aula, a qual não fez diferença alguma. O sinal tocou e Susana ao meu lado disse.

- Vamos. Feitiços.

- Ah sim! – disse me levantando e arrumando minha mala nas costas, saímos rapidamente pela porta e rumamos para a aula de feitiços.

--------------------------------------------

- Ah não! Não! Não pode ser! – exclamei desesperada ao abrir minha mala.

- O que foi, Gina? O que aconteceu? – disse Susana preocupada.

- Meu pergaminho! O pergaminho da aula de Binns sumiu!

- Deve ter deixado cair! Ninguém nem encostou naquele pergaminho!

- Ah não...não acredito...pergaminho errado pra se perder, sabe?

- Vá até a sala de Binns! Está vazia agora...finja que vá na enfermaria e corra até lá. Só não deixa Filch te ver.

- É...é uma idéia. Professor Flitwick? Posso ir na enfermaria, por favor? Estou com uma dor de cabeça muito forte.

- Claro, srta Weasley!

Levantei rapidamente e fingi uma cara de dor. Fui até a porta lentamente e ao virar para o lado corri o mais rápido que pude. Virei alguns corredores, subi um lance de escadas e entrei na sala de História da Magia onde, incrivelmente, o pergaminho continuava lá, na mesma mesa onde eu havia sentado mais cedo.

- Graças a Merlim!!

Fui até a mesa e peguei o pergaminho. Olhei para o meu texto e vi. Ali. Logo abaixo de onde eu tinha parado de escrever, em uma caligrafia meio apertada, mas bonita, três linhas de palavras.

- Mas o que? – disse me sentando na carteira e lendo o que as palavras diziam. – “O medo existe em todos. Os olhares também. A sina de estar sozinha? Acredite que não é somente você que se sente assim. E tentar fingir que é o que não é, é como tentar pegar o vento: inútil e frustrante”.

- Incrível... – disse relendo o que estava escrito. Parecia que a pessoa havia respondido na esperança que eu lesse.

- Srta Weasley? O que faz aqui? – disse prof Binns que havia acabado de entrar na sala atravessando o quadro negro.

- Professor! É...eu..vim pegar o pergaminho que eu tinha esquecido aqui..sabe? Anotações da sua aula..preciso delas para estudar...provas e tudo mais.

- Ah sim...bom, então pegue e se dirija novamente para sua aula, sim?

- Obrigado professor Binns.

E assim saí com o pergaminho nas mãos, analisado a caligrafia. Guardei o pergaminho no bolso para entrar na sala de Flitwick e me sentei ao lado de Susana novamente.

- Achou? – perguntou em um sussurro.

- Sim. – disse estendendo o pergaminho para Susana – Mas olhe em baixo.

- Quem escreveu isso?

- Não sei. Queria muito descobrir, mas acho que não tenho como.

- Garotas, alguma dúvida? – perguntou prof Flitwick ao ver a gente conversando.

- Er...

- Estávamos discutindo se existe algum perigo em fazer o feitiço para confundir em uma pessoa já levemente...confusa.

- Ahh sim! Bom isso é uma coisa muito interessante..vocês vêem.. – começou a explicar prof Flitwick.

- Muito bom! Faz isso com todos os professores? – disse Susana admirada.

- Quando eles me pegam conversando quando não devo... – disse pegando o pergaminho das mãos de Susana.

--------------------------------------------

Naquela noite, já com as roupas de dormir, Susana sentou-se em minha cama para conversarmos.

- Ainda queria saber quem escreveu isso, sabe? – disse penteando o meu cabelo – Parece que essa pessoa entendeu exatamente o que eu escrevi.”

- Verdade. Aparentemente essa pessoa não está numa situação muito fácil.

- Acha que foi uma garota ou um garoto?

- Não sei...a escrita não denuncia nada. Não usou nada que dê para tirarmos conclusões. A letra é bem bonita para um garoto, mas...

- Isso não tem muito a ver...já viu a letra de Dino Thomas? É melhor de que muita garota que já vi por aí.

- Tem razão...

Sentei na minha cama e olhei o pergaminho.

- Tem de ter um jeito para descobrir quem escreveu isso.

- Tenho uma idéia. É meio arriscada e meio maluca...mas é uma opção.

- Diga.

- Escreva outra coisa. Qualquer coisa, até mesmo uma pergunta! E deixe na sala de História da Magia..assim como fez hoje. Na hora que der, vá lá buscar.

- Acha que a pessoa escreverá de novo no pergaminho?

- Quem sabe? Acho provável...se essa pessoa escreveu mesmo sem ser convidada, é capaz de se você escrever alguma coisa que dê para ser respondida...

- Ela responda... ou ele. É uma idéia muito boa Su!

Susana sorriu de um jeito carinhoso e me disse antes de se levantar de minha cama.

- Sabe, foi muito bom ter sentado com você hoje. Nunca pensei que você quisesse conversar comigo.

- Por que isso?

- Não sei..sempre andou com Harry, Rony e Hermione...

- Sabe Su, sou eu que tenho que agradecer. Se não fosse você, juro que não saberia como ia ser meu dia. Fiquei feliz por ter feito uma nova amiga.

- Eu também. Bom, acho melhor dormirmos...amanhã tem aula de Trato de Criaturas Mágicas, sabe? É bom estarmos bem acordados pra sabe-se lá o que vamos ter naquela aula.

- De acordo! Não estou afim de perder meu dedo...

- Principalmente porque não poderia escrever mais!

- Com certeza! Boa noite Su!

- Boa noite!

E assim fechei a cortina em volta de minha cama. Fiquei olhando um pouco o dossiê e imaginando quem seria a pessoa que me entendera sem sequer me conhecer.

Ou me conhecia?

Isso seria algo que eu daria um jeito de descobrir.

 

 



    Próximo Capítulo »»»














Comentar Este Texto VIA FF-SOL
 

 

 

 


Esta página faz parte do site FF-SOL