- Onde eu estou? � olhei para os lados, e vi apenas a
escurid�o. O lugar era feito de escurid�o. N�o havia uma luz, uma coisa se quer
que fosse notado naquele mar negro dos meus olhos.
ÂÂ
- Eu... O que estou fazendo aqui?
ÂÂ
  Comecei a andar
alguns passos. Olhei para baixo e vi que a cada contato que tinha com o ch�o
invis�vel, provocavam algumas ondula��es. Ainda assim tudo era escuro. Tornei a
olhar para cima na esperan�a de ver algum tipo de c�u, mas encontrei sempre a
mesma escurid�o. Perguntando-me onde eu estava, percebi um outro detalhe: estou
sozinho. Ser� que estou?
ÂÂ
- Ol�! � gritei na esperan�a de ouvir alguma voz al�m da
minha.
ÂÂ
  Mas o que eu recebi
em troca do meu grito, n�o foi uma voz e sim um pequeno ponto de luz. Olhando,
n�o parecia muito distante. Curioso por aquilo ser a primeira novidade daquele
morto lugar, corri at� l�. Meus olhos sempre fixados naquele ponto enquanto
corria. A cada passo, ele ficava cada vez mais perto e mais n�tido. Foi quando
eu percebi que aquela luz tinha uma forma retangular. Eu parei diante dela, e
observei a tela branca.
ÂÂ
 De repente, um homem
apareceu andando de lado na tela. Eu olhando, parecia que aquilo era uma TV de
LCD. Aquele homem era um adolescente da minha idade, e analisando seu olhar,
ele parecia bem feliz pelo sorriso dava. Um outro jovem apareceu na dire��o oposta
em que aquele homem andava. Os dois ficaram frente a frente e apertaram a m�o.
ÂÂ
- Ei, o que acha de irmos at� a minha casa hoje? Est�
ocupado? Eu vou chamar mais alguns amigos. � perguntou o da dire��o oposta.
ÂÂ
- N�o. Posso ir sim! � respondeu o outro. Foi ent�o que um
outro adolescente apareceu entre eles mais ao fundo da tela. Sentado com o
caderno apoiado nas pernas.
ÂÂ
- Aquele... sou eu? � me perguntei.
ÂÂ
- E voc� L�o? Vem tamb�m? � perguntou o que estava
convidando.
ÂÂ
- N�o! � respondeu minha imagem, sem tirar os olhos do
caderno enquanto escrevia. �
Estou ocupado. � completou.
ÂÂ
- Ocupado? � perguntou o garoto � T� bom! � Os dois garotos
se afastaram, e minha imagem ficou ali sentada, continuando escrevendo, com seus
olhos sem desviar para nenhuma dire��o a que n�o fosse o caderno.
ÂÂ
  Eu notei que uma
tela se abria ao meu lado.
ÂÂ
- O que � isso? Mais uma tela. � disse me aproximando dessa.
L� todos os meus amigos estavam jogando videogame. Rindo e se divertindo. Olhando a cena, eu tamb�m me divertia ao
ver as palha�adas que cada um contava e fazia. Eu voltei meu olhar para a
primeira tela e vi que o meu eu estava em frente a um computador. Mas o fundo
da tela agora era negro assim como o local onde eu estava.
ÂÂ
- Droga! Por que ser� que ningu�m comenta. Vejo hist�rias
med�ocres que recebem mil coment�rios e enquanto a minha ningu�m comenta. Que
droga! � Vi a minha imagem abaixar a cabe�a por decep��o e pude sentir a
tristeza que ele sentia. Mas depois me surpreendi com uma ant�tese naquela
situa��o. Ele estava rindo. Uma risada meio daquelas sinistras e c�micas ao
mesmo tempo. _ Isso n�o tem import�ncia. � dizia ele, em um tom frio. � Em
breve, eu serei notado. Meu sonho ser� concretizado. N�o importa o tempo que
leve. Minha exist�ncia vai ser reconhecida de alguma maneira. Irei mostrar o
fruto de meu trabalho no futuro para aqueles que me subestimam no presente. N�o
importa se eu acabar com a minha mente, essa � a minha decis�o. Isso aqui tem
mais prioridade que qualquer coisa. Pessoas est�o abaixo disso. Elas s�o apenas
ferramentas a serem usadas para um bem maior. Aquelas em quem eu devo realmente
depositar minha amizade s�o aquelas em quem acreditam em meio sonho. N�o
preciso de ningu�m al�m destas.
ÂÂ
- Mas o que ele est� falando? N�o me lembro de ser este tipo
de pessoa. � disse eu, surpreso com as palavras de mim mesmo naquela imagem.
ÂÂ
- Mas eu lembro. � disse uma voz a minha direita. Eu olhei
para ele e vi a mim mesmo. Era eu, mas diferente. O olhar dele era... frio.
ÂÂ