- É aqui,
Day.
Dayane
olhava para a entrada da academia, tinha uma fachada simples, mas agradável, as
paredes estavam pintadas com uma cor azul não muito chamativa e só possuÃa a
porta de entrada de vidro, daqueles feitas para empurrar, não dava para ver
nada pelo vidro, apenas umas barras de metal colocadas na parede para as
pessoas fazerem alongamentos logo que entrassem, com certeza quem passasse ali
pela primeira, ou até segunda vez, não ia perceber que aquilo era uma academia
de tão simples que era. Ainda observando Dayane suspirou, olhou para baixo e
fechou os olhos dizendo para sua amiga:
-
Aline, o que exatamente viemos fazer aqui? Somos do time de futebol feminino de
nossa escola, mas por que me chamou com tanta urgência a vir para uma academia
de luta e musculação?
- Ora,
conhecer pessoas novas é sempre bom, sua boba! - respondeu a outra garota. -
Além do mais, conheço uns amigos muito gatos que freqüentam aqui! Não é você
que estava louca pra arranjar namorado?
Dayane parou, pensou, cogitou até voltar para trás, porém
subitamente decidiu empurrar a porta de entrada e assim entrou junto com Aline.
Assim
que Dayane entrou na academia, ouviu um barulho muito alto e forte, como se
algo tivesse acertado com muita força o chão, as duas amigas andaram um pouco,
e estranhamente Aline parecia mais alegre conforme ia andando, como se
estivesse rindo de algo. Mais uma vez o mesmo barulho, só que mais forte, Aline
foi adentrando uma porta, Dayane parou hesitante perto da mesma, mas foi puxada
por Aline para dentro, e lá ela achou a origem do barulho.
Alguns garotos estavam praticando Hapkido. Os rapazes em luta
alternadamente atiravam o oponente sobre o piso, daà a causa do som. Mesmo sem
conhecer o esporte, Dayane conseguiu perceber quais dos praticantes ali
presentes já eram veteranos e quais os que ainda davam seus primeiros passos
naquele estilo de luta. Aline riu mais, apontando para um rapaz loiro e
dizendo:
- Aquele ali
é um dos amigos meus, não é um gato?
Dayane
ficou vermelha com o comentário de Aline, mas por mais que Day tentasse, ela
tinha que admitir que Aline estava certa, ele era alto e era dono de um porte
fÃsico mediano, mas tinha um destaque entre todos os outros praticantes, que
olhavam para ele com um ar de respeito, ele olhou para Aline e Dayane com um
sorriso, essa ultima virando o rosto ainda vermelho, e Aline puxou Dayane para
perto dele, começando a falar:
-
Beto, esta é a Dayane!
-
Ora, prazer em conhecer - saudou o lutador, rosto suado. - E então, é a
primeira vez que vem aqui?
-
Sim... - Day estava ruborizada. - Pratico futebol, porém nunca me interessei
muito por lutas, para falar a verdade... O único contato que até hoje tive com
isso foi jogando Mortal Kombat com o irmão da Aline!
- E apanhando... - completou a outra menina em tom de deboche.
Day olhou de
canto para Aline que estava rindo ainda, e então olhou novamente para o cara
loiro e falou:
-Você...
Conhece a Aline de onde? Eu nunca vi você na escola sabe... E... Você parece
também mais velho que... Oh! Desculpe!
Day colocou
a mão sobre a boca, se arrependendo de dizer isso, ficou pensando se o havia
ofendido, mas ele e Aline riram e ele começou a falar:
-
Sou mais velho sim, já tenho dezenove. Terminei o colegial ano passado, pois
repeti a oitava série uma vez. Foi então que comecei a praticar Hapkido. O
esporte me ajudou inclusive a me concentrar mais nos estudos.
-
Que bacana! - Dayane maravilhou-se.
Nisso,
o professor se aproximou. Era um senhor de uns cinqüenta anos, descendência
oriental e feições simpáticas.
- Perdão
senhoritas, poderiam sentar ali naqueles bancos e assistirem à aula quietinhas?
A voz dele
era autoritária, mas calma e gentil, apenas com o pedido dele as duas garotas
olharam para Beto, que acenou com a cabeça e voltou para a aula, enquanto elas
se sentaram e observaram o decorrer do treino, alguns alunos mais novos
tentavam fazer quedas bonitas, chutes bem feitos e socos com impacto para
atrair a atenção das garotas, mas acabavam falhando em suas tentativas. Todo o
treino era extremamente organizado, aparentava ser meio bruto, mas com os
veteranos tudo parecia muito mais suave, mas intenso.
Â
Quando
foi a vez de Beto lutar, Aline disse para Day com um som de deboche:
-
Esses babacas não são nada perto do Beto, ele poderia até dar uma surra no
Bruce Lee!
-
Mas Bruce Lee não lutava Kung-Fu? - estranhou Dayane.
-
Bem... Ah, você entendeu!
Beto posicionou-se diante de seu adversário: um rapaz moreno e de
cara de poucos amigos. Pelo que puderam notar, parecia ser o segundo melhor
ali. Talvez não seria tão fácil para o amigo de Aline derrubar aquele oponente.
O
rapaz começou dando um soco na direção de Beto, as garotas ficaram impressionadas
com as velocidade do golpe e o barulho feito quando o soco acertou em cheio o
peito dele, ele foi um pouco para trás e conseguiu desviar a direção do outro
soco, o rapaz, que estava avançando rapidamente, acabou avançando rápido
demais, Beto parou e segurou o braço que estava levantado para dar outro soco e
derrubou rapidamente o adversário, que caiu sem reação no chão, acabando a luta
com vitória de Beto. Aline assoviou baixinho e Dayane ficou impressionada, não
esperava que uma luta fosse tão intensa assim...
-
Viva o Beto! - Aline, pulando e agitando os braços, era quase uma cheerleader.
-
Calma, sonsa! - Dayane abaixou as mãos da amiga bruscamente, sabendo que ela
estava fazendo com que pagassem mico.
Beto
se aproximou das duas sorrindo e disse, cheio de carisma:
-
O treino está acabando, não querem ir comer um lanche ou tomar um suco logo
depois?
- AdorarÃamos! - respondeu Day.
Alguns
momentos depois, Beto já estava vestido para ir com as meninas, parecendo ainda
mais elegante do que com as roupas de Hapkido, Day ficou ainda mais vermelha.
- Estou
pronto, não se importam se eu levar um amigo meu, né?
- Nãooo!!!
Quanto mais gente melhor! - disse Aline rindo.
Day não
pensava da mesma forma, mas ela olhou para o rapaz que estava atrás dela e de repente
parou de ficar vermelha, olhando paralisada para ele, alguma coisa naquele
garoto deixava-a interessada, seus olhos e cabelos eram negros e sua
musculatura maior que a de Beto, provavelmente tinha a mesma idade dele e
também possuÃa uma barba bem rala, não que esses detalhes pudessem ser notados
à primeira olhada, mas estranhamente ela notou. Ficou olhando para ele, e
enquanto ele distraidamente arrumava as coisas na mochila dele, Aline percebeu
o interesse que Day tinha no garoto e a cutucou com o ombro falando baixinho:
- É um
gatinho, né?
-
Qual o nome dele? - Dayane estava ansiosa por saber.
-
Guto.
O
menino que encantou Day se juntou ao grupo, o qual se dirigiu para fora da
academia. Já estava escurecendo, e o entardecer dava um bonito aspecto
alaranjado ao céu. TÃmida, mas decidida, Dayane tentou quebrar o gelo com o
paquera:
-
Oi...
-
Ah, olá! - ele sorriu.
-
Tudo bem?
-
Sim, e você? Como se chama?
-
Meu nome é...
Quando a
garota ia se apresentar, espontaneamente Aline deu um empurrãozinho em Dayane,
que acabou sendo um pouco forte demais, fazendo ela perder o equilÃbrio e...
- Você está bem?
Não se machucou?
Sem perceber,
Guto a havia segurado antes que caÃsse, ela ficou vermelha e permaneceu olhando
para ele, ele com uma expressão de preocupação ficou esperando a resposta dela.
- Eu estou
bem... Hum, sério...
Ela ficou um
tempo parada e respondeu à pergunta dele um pouco vermelha:
- Dayane...
É o meu nome...
- Bonito nome!
E
prosseguiram rumo a uma sorveteria próxima, a inconveniente Aline cruzando os
braços emburrada. Tinha inÃcio ali uma história repleta de amor e experiências
inesquecÃveis entre dois jovens que se encontraram por acaso...