Â
Continuação de "Entre o Sonho e a Realidade". Matém o mesmo mistério da história anterior.
Â
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Inesperado reencontro
Â
        Uma pequena ave branca alçou vôo e pegou o besouro que estivera vigiando. Voou em direção a uma antiga árvore e pousou. Comeu seu café e sacudiu as penas. Olhou em volta, entediada. Viu que uma pequena garota brincava ali embaixo. Â
        Chihiro corria animada pelo jardim. Kohaku, o gato, acompanhava seus passos, pulando e saltando. A garota pegou o gato no colo e deu várias voltas com ele, como se estivesse valsando.
        - Chihiro! – berrou a mãe, na porta da casa – Chihiro! Pode me fazer um favor?
        - Claro, mãe! – ela disse, correndo até a porta.
        - Pode ir à farmácia da cidade e pegar esses remédios que encomendei?
        - Claro, mãe!
        - Tome cuidado.
        - Pode deixar! Vamos, Kohaku!
        Chihiro colocou seus sapatinhos amarelos e saiu correndo, com o gato em seus calcanhares. Logo estava na entrada da cidade. Desceu a ladeira até chegar à farmácia. Pegou os remédios. Agora era só voltar.
        Saltitava alegremente, quase dançando. As pessoas olhavam e sorriam. A garota estava tão distraÃda, que esbarrou em alguém. Caiu no chão. Os remédios espalharam-se.
        - Sinto muito... – disse um rapaz.
        - Aiaiai! Me desculpa! Eu sou tão distraÃda! Tão boba... Eu...
        - Uma garota frágil como você não deveria andar por aà sozinha. – disse o garoto, estendendo a mão.
        - Ai! Sinto muito! Muito obri... – disse, ficando de pé.
        “É ele! É ele!”
        - Algum problema? – perguntou o garoto, mantendo a mesma expressão calma e distante.
        “Kohaku!”
        - Kohaku! – ela exclamou.
        - Como sabe meu nome? – ele não conseguiu esconder a surpresa.
        - Sou eu! Chihiro! Lembra?
        - Não... Deve ter me confundido com alguém.
        - O quê?
        - Melhor voltar para casa. Não é seguro andar por aqui sozinha.
        - Mas... – ela disse, segurando a camisa dele – E o meu gato?
        - Que gato?
        - O meu gatinho! Ele sumiu!
        - Quer que eu te ajude a procurar?
        - Sim! Por favor!
        - Tudo bem. – ele estava novamente surpreso.
        Kohaku ajudou Chihiro a juntar os remédios e depois seguiu com ela pela cidade. Ela segurava seu braço. Ele nem se importava. Na verdade, não demonstrava nada. Isso a deixou com medo.
        “O que será que aconteceu com ele?” pensou.
        - AÃ, Kohaku! – berrou um garoto, descendo de um muro – Que garota mais bonitinha! Onde você arranjou?
        - Fique longe dela.
        - Ih! Que mal humor! – exclamou o garoto – Tô indo embora.
        - Tanto faz. Venha... É Chihiro, não é?
        - Sim! É sim!
        - É um nome lindo.
        - Obrigada! O seu também é! – disse, corando.
        - Você acha? – ele perguntou, desviando o ar.
        - Sim! É o nome do meu gatinho!
        - Parece gostar muito desse gatinho... – disse ele, sorrindo.
        - Pois é... Ele me lembra alguém especial, sabe?
        - Alguém especial? É bom ter alguém especial.
        - Pois é...
Â
        - Kohaku! Kohaku! – chamava Chihiro – Vem cá, gatinho! Vem cá!
        Eles estavam em um beco abandonado. Chihiro engatinhava pelo chão de terra, olhando entre as caixas empoeiradas. Só parou quando pensou ter visto alguma coisa movendo-se por entre o espaço pequeno.
        - Kohaku! Achei você! Vem! Vem! – ela insistiu, ao ver o gato se afastar – Vem aqui, seu gato teimoso! – exclamou, tentando passar pelo espaço apertado – Ah! Fiquei presa!
        - O quê? – Kohaku, o garoto, assustou-se.
        - Socorro! Eu entalei! Me tira daqui.
        Kohaku caminhou até Chihiro e puxou a garota com delicadeza. Ela estava com o rosto todo sujo e tossia com a poeira. Ele não pensou duas vezes, pegou um lencinho e entregou a ela.
        - Tome. Melhor limpar o rosto.
        - Obrigada...
        - Quer que eu pegue seu gato?
        - Sim, por favor! – disse a garota, escondendo seu rosto corado com o lencinho.
        - Gatinho. Vem aqui. – chamou Kohaku, tentando passar por entre as caixas.
        - Rrrf! – chiou o gato.
        - Deixe de ser bobo. Vem aqui!
        O garoto segurou o gatuno pelas patas e tirou-o de lá á força. O felino ficou contorcendo o corpo em sinal de revolta. Chihiro olhou para os dois surpresa, com os olhos arregalados.
        - O que foi? Não é seu gato?
        - Não, é ele é sim!
        - Que bom!
        - É! – ela sorriu.
        - Hum... Pode pegá-lo antes que ele me arranhe?
        - Ih! É... – disse pegando o gato – Desculpe... Ai! Kohaku! Fica quieto!
        - Acho que ele não gostou de mim...
        - Não diga isso. É ele que está sendo bobo. Seu bobo! – disse, na cara do felino.
        - Acho que já pode voltar agora.
        - Sim! Obrigada! – Chihiro disse, pondo-se de pé – Hum... – olhou em volta.
        - Que foi?
        - Não sei voltar para casa.
        - Ah... Quer que eu te leve?
        - N-não se-seria um incômodo?
        - Não, imagina! Vamos.
        - Ah, obrigada!
        - Hunf... – fez o gato.