- Ei, irmão! Faz aquilo de novo? - pediu a menininha, piscando meigamente.
Percy virou-se e olhou para ela. Marina tinha apenas cinco anos, mas era muito inteligente para sua idade. Às vezes, ela procurava pelo irmão para lhe fazer perguntas sobre a mitologia grega.
E ele amava contar os mitos antigos a ela.
- O que foi, Mary?
- Eu queria que você... Hum... – ela parecia nervosa – O lance com a água do mar. – ela apontou as águas que encontravam a areia a alguns metros dali, à direita deles – Pode fazer de novo?
- O quê? Você quer dizer...
- Como no desenho! – ela riu – A amiga do Avatar é uma dobra... Do-dobradora de água!
- Dobradora de água? Avatar? – foi a vez de Percy rir – Ele não é real, Marina. Eu sou. E sou muito mais interessante que o carequinha, diga-se de passagem.
- Ah, mas o Aang é mais bonito... – a menina murmurou.
- O quê?!
- Nada! – ela desviou o olhar.
- Venha aqui. Eu vou te mostrar o... O lance com a água do mar.
- Eba!
Ele a levou para a parte mais distante da praia. Ninguém iria incomodá-los lá, e Percy poderia passar um tempo com sua irmãzinha.
“Estou sempre tão ocupado com os estudos. Aposto que Marina se sentirá feliz se eu brincar um pouco com ela.”
- Ei, irmão!
- Sim?
- Quando a Annabeth vai vir brincar comigo?
- Não sei... Eu não a vejo há meses. Quase fico preocupado com isso.
- Você disse que a irmã Anna pode cuidar de si mesma.
- Sim, disse...
“E toma conta de mim também...”
- Mas, irmão, você não se pergunta o que ela tem feito na universidade?
- Posso imaginar.
“Com toda certeza, ela está lendo todos os livros sobre arquitetura que pode encontrar!”
- Ela é bonita. – disse Marina em tom casual.
- É, sim. – Percy corou.
- Eu me pergunto se tem um garoto inteligente pensando nela agora...
- Eu penso nela o tempo todo, Marina.
- Eu disse “inteligente”, maninho.
- Está insinuando alguma coisa?
A garota riu alto.
- Você é engraçado, irmão!
- Agora, me diz: por que está me fazendo essas perguntas?
- É só que... – ela fitou a areia – Vamos lá, irmão! Vai me mostrar o lance com a água ou não?
- Claro. – ele sorriu – Venha.
Ele deu alguns passos para frente e encarou o mar. Era gostoso sentir o vento em seu rosto, a água em seus pés. Percy moveu a mão... E a água começou a dançar.
- Nossa! É lindo, irmão! Faz de novo!
Ele moveu a outra mão, espirrando água para todos os lados. Marina pulou e gritou. Ela estava se sentindo muito feliz.
- Cara, você está toda molhada! Paul vai me matar!
- Você sempre diz “Paul”, irmão. Por que não o chama de “pai”?
- Bom, eu não... – ele hesitou.
“Eu gosto do Paul. De verdade. Ele é uma boa pessoa, mas... Mas meu pai é Poseidon.”
- Irmão, posso brincar um pouco, perto do mar?
- Claro.
Percy sentou-se na areia e observou a irmãzinha correr pela praia. Estava quase dormindo, quando alguma coisa tocou seu ombro. Ele olhou para trás.
- Annabeth? É você mesma?!
- Tudo bem, Cabeça de Alga? – ela lhe sorriu – Faz um bom tempo, não é?
- Você está tão...
- Tão o quê?
- Tão linda.
Annabeth corou.
- Já imaginava que diria algo desse tipo.
- Pensei que estivesse estudando.
- Estou de férias. Achei que poderia parar por aqui e...
- Passar uma noite inesquecível comigo? – ele piscou e abriu um sorriso badboy.
Ela deu um tapa em sua nuca.
- Eu queria ver a Marina. Ela é tão fofa...
- Você sentiu minha falta também. – ele afirmou.
- Tem certeza disso? – Annabeth colocou as mãos na cintura e ergueu a sobrancelha. Mas isso não mudava o fato de que ele estava certo – Ok. Senti sua falta. Um pouco. – ela fez um sinal, aproximando o indicador do dedão.
- Eu senti falta de te beijar. Não nos beijamos desde...
- Não fale disso perto da sua irmã! – Annabeth deu-lhe outro tapa na nuca.
- Qual é? Você também sentiu falta de me beijar!
- E-eu... – as bochechas dela coraram – Eu não...
- Ei... – ele sorriu – Me beija agora, então.
Ela bufou.
- Cabeça de Alga...
Mas se aproximou, e ele pôde sentir a respiração dela em sua boca.
- Senti sua falta... – ele sussurrou – Demais...
- O que vocês estão fazendo? – perguntou uma voz infantil.
- Ma-Marina! – Annabeth virou-se de repente – É você, docinho?
- Você ia beijar meu irmão? Eu interrompi vocês? – a menininha balançava o corpo de um lado para o outro.
- Eu não... Percy, diga a ela!
- Por que fez isso, Marina? – Percy suspirou – Ela quase me beijou!
Annabeth deu um tapa em sua nuca. De novo.
- Cara! Eu não senti falta disso! – resmungou o semideus.
- Irmão?
- O que foi agora?
- Pode me ensinar a “dobrar” a água?
- O quê? – Annabeth arqueou a sobrancelha.
- Dobrar a água. – Marina explicou – Como em Avatar.
- O carinha azul?
- Não! – a menina gritou – O Aang!
- Quem é...?
- Não pergunte. – disse-lhe Percy – Olhe, Marina, eu não posso te ensinar isso.
- Por quê?
- Porque... Você sabe. – ele deu de ombros – Você não é filha de Poseidon...
Ele tentou sorrir, mas Marina desatou a chorar.
- Pare de dizer que não somos irmãos! Você ama esse Poseidon estúpido mais do que ama a mim, e eu te odeio por isso!
Ela chutou sua canela e correu para longe.
- Marina! Espere! Volte aqui! Marina! Ah... Droga! Paul vai me matar!
Percy virou-se para Annabeth. Ela sempre sabia o que fazer. Ele esperava que dessa vez não fosse diferente.
A filha de Atena suspirou.
- Ela está apaixonada.
- O quê?
- Tem um menino... Provavelmente, um colega de classe.
- Como é que é?! Annabeth, ela só tem cinco anos!
- Eu gostava de Luke quando tinha sete.
- Era diferente.
- Talvez esteja certo... – ela fitou a areia - Eu... Eu acho que a Marina quer surpreender o menino.
- Ela só tem cinco...
- Escute, eu não estou dizendo que eles vão se casar ou coisa parecida. É só uma paixão, tá certo? Vai passar. Em breve, Marina vai virar para você de novo e dizer “Venha brincar comigo, irmão!”.
Percy suspirou e segurou a mão da namorada.
- Annabeth, me conta um segredo. Quando você vê a Marina, você pensa nos seus irmãos?
Ela abaixou a cabeça.
- Não quero falar sobre isso agora.
- Claro... – ele deu de ombros – Annabeth.
- O quê?
- Eu te amo.
- Cabeça de Alga! – ela o olhou e começou a rir – Não pense que vai me tocar com esse sorriso bobo e...
Splash! Ela foi acertada no rosto por um pouco de água salgada. Percy riu alto.
- Você... – Annabeth examinou suas roupas molhadas – Você não...
- Ei, Annabeth. – ele se aproximou e segurou a outra mão dela.
- O quê?!
- Senti falta de te beijar.
As bochechas dela esquentaram. Ela sussurrou:
- Então me beije agora, dobrador de água estúpido.
Ele sorriu e beijou a garota que amava, enquanto a água do mar dançava ao redor deles.