Reencontro

Ficwriter: Jude Melody
HunterxHunter - comédia - original
lemon/NC-17 - yaoi/male slash - completa


— Abre aí! — exclamou o garoto de cabelos negros espetados, dando alguns murros na porta do banheiro.

— Nem pensar! — respondeu uma voz abafada. — Saia daqui, Leorio! Deixe-me em paz!

— Mas por que isso de repente? — grunhiu Leorio. — A gente sempre tomou banho junto.

— Quando tínhamos oito anos! — rebateu a voz.

— Correção: quando você tinha oito anos. Eu tinha nove. — Leorio afastou-se da porta e esfregou sua nuca com a mão direita. Com a esquerda, segurava a toalha que amarrara na cintura. — Vamos, Kurapika, eu estou ficando com frio.

— Já disse que não! — gritou Kurapika, ligando o chuveiro logo em seguida para abafar as palavras do mais velho.

— É porque eu cresci barba antes de você? — provocou Leorio, mas não obteve nenhuma resposta. — Você era mais legal quando éramos crianças!

Ele se sentou no corredor, emburrado. Sentia saudades daqueles tempos menos complicados em que visitava Kurapika e brincava com ele a tarde inteira. Os dois corriam pela floresta que cercava o vilarejo e voltavam para a casa do mais novo completamente sujos de terra e lama.

A mãe de Kurapika arregalava os olhos, horrorizada. O dedo em riste indicava a banheira, e lá se iam os dois meninos tomar banho juntos. Leorio adorava massagear os cabelos loiros de seu amigo, sentindo o cheiro gostoso da espuma. Quando terminavam, um brincava de secar o outro e não raro caíam as duas crianças ao chão, rindo até não poderem mais.

Leorio vivera durante quase um ano no vilarejo Kuruta. Acompanhava seu tutor, o senhor Kenshin, um Hunter inteligentíssimo com sonhos tão altos quanto as estrelas. Kenshin adorava o clã Kuruta e queria compreender tudo, tudo que existia sobre eles. Felizmente, a tribo aceitou-o de bom grado, e, assim como Kenshin tornou-se amigo íntimo dos adultos, Leorio tornou-se o melhor amigo de Kurapika , o loirinho genioso que incomodava todo mundo com suas ideias e sua audácia.

Depois que Kenshin e Leorio deixaram o vilarejo, as duas crianças não se viram mais. Agora, crescidas, elas se reencontravam. Kurapika conseguira autorização para cursar uma faculdade e escolhera a mesma em que Leorio estudava. Este, já adulto e capaz de cuidar de sua própria vida, morava em um apartamento pequeno com seu cachorro dourado chamado Kurode.

No começo, Leorio não coube em si de felicidade. Kurapika tornara-se um jovem muito belo. Seus olhos castanhos brilhavam de um modo encantador e sua voz era simplesmente sexy. Quando Leorio a ouviu pela primeira vez no telefone, não conseguiu conter aquela reação involuntária que adorava importuná-lo nos momentos mais constrangedores.

— Leorio... — dissera o loirinho. — Lembra-se de mim?

— Kurapika? — perguntara o mais velho, surpreso.

A risada que o Kuruta dera parecia ser feita da própria felicidade.

— Que bom. Achei que tivesse se esquecido de mim.

— Nunca. Nunca esqueceria.

Leorio bateu a nuca de leve na parede do corredor. Ele não tinha segundas intenções com o loirinho, apenas queria recordar os velhos tempos. Era verdade! Era verdade, sim, senhor! Decidido, levantou-se e voltou a esmurrar a porta. Kurode passou por ele, abanando a cauda.

Suas tentativas obtiveram algum sucesso. O barulho da água cessou, e a porta se abriu um tiquinho assim. Um olho felino e castanho apareceu na fresta.

— O que você quer agora?

— Tomar banho com você! — respondeu Leorio, resoluto.

Kurapika suspirou.

— Ah, certo.

Ele abriu a porta. Simples assim. Seus cabelos loiros estavam molhados e seu corpo, envolto pela toalha branca. O Kuruta segurava a toalha na altura das axilas. Quanta timidez!

— Foi difícil?

Kurapika revirou os olhos.

— Leorio, caso não tenha percebido, nós não somos mais crianças. Somos homens adultos. Apesar de que eu às vezes tenha dúvidas de qual seja sua idade mental.

Leorio bufou.

— Só por que eu assisto Yu Yu Hakusho? Mas é tão legal. — Ele pigarreou. — “Eu fico louco!”

— Está bem! Está bem! Não precisa começar a cantar! — Kurapika balançou a cabeça. — Céus... Se eu contar no vilarejo, ninguém acredita...

Ele virou as costas para Leorio e caminhou até a banheira, deixando a toalha cair no meio do caminho. O mais velho estagnou, hipnotizado. Olhou do tecido branco do chão para a pele branca do...

— Leorio? — Kurapika virou-se para ele, já segurando a cortina da banheira. — Você vem ou não?

Leorio engoliu em seco. Estava arrependido de sua ideia. Mortalmente arrependido. Aquela reação involuntária estava ali de novo, a maldita. Bem de mansinho, o mais velho fez menção de se retirar do banheiro.

Fim.

 

 



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