Beijos Desequilibrados

Ficwriter: Chibiusa-chan
Saint Seiya - romance, angst
lemon/NC-17 - yaoi/male slash - completa


Capítulo I - Angústia

 

Disclaimer : Infelizmente eu não tive a genialidade de criar Saint Seiya. Se a tivesse tido, a deusa Athena não seria tão inútil... Saint Seiya pertence a Masami Kurumada, Toei Animation, etc. Sou apenas mais uma maluca que se aproveita dos coitados dos cavaleiros... Amelie Bertaux é uma criação minha.

 

Santuário, Grécia. Época atual.

 


O mundo vive relativamente em paz. A reencarnação da deusa Athena, enviada à Terra a cada 200 anos cresce protegida junto ao Grande Mestre. Desde o dia em que Aioros, antigo cavaleiro de ouro de Sagitário, tentou raptar e assassinar a deusa, ainda um bebê, a menina não era mais vista por ninguém no Santuário. Uma medida cautelar tomada pelo Grande Mestre, visando à proteção da garota.

Havia muitos treinamentos no Santuário, mas os cavaleiros de ouro não estavam com nenhum discípulo. Além da casa de Sagitário, as casas de Áries, Gêmeos e Libra também se encontravam vazias. O cavaleiro de Áries, Mu, encontrava-se em Jamir[1], onde vivia com Kiki, uma espécie de protegido e talvez futuro discípulo. Dohko, cavaleiro de Libra, também conhecido como Mestre Ancião, vivia nos cinco picos antigos de Rozan, numa missão desconhecida por todos. E o cavaleiro de Gêmeos, Saga, estava desaparecido há mais de seis anos.

Devido a este relativo clima de paz, o Grande Mestre decidiu conceder a cada um dos cavaleiros de ouro um dia de liberdade. Este dia, logicamente, poderia ser suspenso caso o cavaleiro estivesse em alguma missão especial, houvesse uma união dourada ou um perigo se manifestasse. Aldebaran, cavaleiro de Touro, teria folga às segundas; Máscara da Morte, às terças; Shaka, às quartas; Aioria, às quintas, Afrodite e Shura, às sextas; Miro e Kamus, aos sábados.

 


Era um sábado. Kamus encontrava-se recluso em uma sala, na casa de Aquário. Estava sentado num sofá, lendo um livro. Vestia roupas simples : uma blusa e uma calça, ambos azuis. O aposento estava todo fechado, sendo fracamente iluminado apenas pelas várias velas distribuídas com sabedoria por Kamus. Ouviu passos e interrompeu a leitura. Aguardou. Ouviu batidas à porta. Levantou-se e abriu.

Estava parada à sua frente uma figura interessante. Miro, cavaleiro de Escorpião, trajava sua armadura e o fitava com uma cara curiosa. Kamus o olhou sério e soltou um leve sorriso. Afastou-se e permitiu que ele entrasse.

- Bonjour, Miro.

- Bom dia, Kamus. Como é que você consegue ficar num ambiente tão abafado ? – ele entrou analisando as janelas todas fechadas.

- Não está abafado, Miro. E é bom ver que você está respeitando as ordens do Grande Mestre, vestindo o traje cerimonial mesmo em dias de folga.

- Já que você tocou no assunto, permita-me tirar isso aqui. É chato ficar andando com ela por aí... – Miro retirou a armadura de si e ficou trajando roupas simples, brancas, parecidas com as de Kamus.

- Lembre-se de que somos a elite dos cavaleiros. Temos de nos comportar dignamente.

Miro fez uma cara de “eu já ouvi este discurso milhões de vezes” e se sentou no sofá.

- O que te trouxe à casa de Aquário tão cedo ? – Kamus fitou-o com uma curiosidade não transparecida e tornou a se sentar no sofá.

- Bem, eu gostaria que você me desse umas aulas de francês...

- Como ? – Kamus não conseguiu disfarçar um certo olhar de incredulidade.

Miro riu.

- Você fica engraçado quando está espantado... Acho que é falta de costume, por isso eu estranho.

Kamus não deu ouvidos e prosseguiu.

- Por que você quer aprender francês ? Qual o motivo desse seu súbito interesse ?

- Ontem eu estava andando próximo ao cais e vi um navio de turistas chegando. Então...

Miro foi interrompido por Kamus.

- O que você estava fazendo no cais ? É fora do Santuário e você não pode ir lá sem a permissão do Grande Mestre. Ainda mais num dia que não seja o seu dia de folga. – Kamus o repreendia claramente.

- Sempre racional, Kamus... Ah, você não muda mesmo ! Eu já fiz isso várias vezes, nunca me repreenderam a não ser você, agora.

- Um dia você vai acabar em uma confusão por causa disso, mon ami...

- Ah, pare de me censurar, Kamus ! Como eu estava dizendo, uma garota saiu de dentro do navio. Ela era incrível ! Longos cabelos loiros, olhos azuis, lábios rosados... Parecia uma princesa. O navio era francês. Conversei com ela por algum tempo e combinamos de sair hoje.

O coração de Kamus deu um aperto ao ouvir estas palavras. Mas ele continuou impassível.

- E você quer aprender algumas palavras em francês para seduzir uma francesa. Ah, faça-me o favor, Miro ! Se ela quisesse um francês, teria continuado lá. Nem parece que você é o grande conquistador daqui do Santuário.

- Kamus, não seja estraga-prazeres. Eu sei que ela vai gostar se eu seduzi-la no idioma dela. Vai ficar mais lisonjeada em ouvir um estrangeiro falando esta língua tão sedutora. Não é preciso ser francês para se ter charme, ok ?

Kamus estranhou as últimas palavras do amigo. Será que Miro o achava charmoso ?

- Miro e suas técnicas de conquista. Como foi que me tornei seu amigo ? Somos tão diferentes ! – Kamus soltou um ruído de dúvida. Miro riu.

- Somos muito diferentes mesmo ! Mas você vai me ajudar ou não a conquistar a bela Bertaux ?

Kamus ficou nitidamente incomodado.

- Bertaux ? A garota a que se refere chama-se Amelie Bertaux ?

- Ora, então você a conhece ! – Miro exclamou surpreso – O mundo é realmente pequeno...

- Miro, escute um conselho : não se envolva com esta garota. Envolva-se com qualquer outra francesinha, mas não com ela.

- E por que este súbito pedido ? – Miro prestou atenção no incômodo de Kamus – O que foi que ela te fez para te deixar assim tão perturbado ?

- Não gosto de falar sobre meus assuntos pessoais.

Miro riu. Riu alto. Sabia que Kamus não contaria algo que considerasse íntimo a ele, apesar de se seu melhor amigo. Não que ele fosse ranzinza – Kamus gostava de se divertir. Mas é que ele era muito fechado. Kamus tentou ignorar e continuou.

- Amelie não é o tipo de garota apropriada. Diverte-se com todos e não respeita ninguém. Não merece o amor que vários homens já a creditaram.

- Pela sua descrição, ela se parece muito com o meu jeito de ser. Então quer dizer que não mereço o amor de ninguém, Kamus ? – Miro tinha uma expressão séria.

A mente de Kamus estancou. Decerto que não tivera nenhuma intenção de ofender o amigo, mas se a carapuça serviu...

- Ora, Miro, francamente ! Não me referi a você quando falei isso.

- Você falando de amor é algo realmente admirável. Não sabia que já tinha se envolvido com garotas antes, Kamus de Aquário ! – Miro se levantou, alterado.

Miro só chamava Kamus pelo nome de sua constelação quando queria irritá-lo. Kamus não gostou da ironia.

- E o que você sabe sobre amor ? – Kamus estava nitidamente irritado com a reação de Miro, afinal não pretendia divulgar a sua vida pessoal – Amor não é apenas se envolver com outra pessoa, Miro. Amar é ter carinho, cuidar, ver os defeitos dos outros e não se incomodar. Amar é ser capaz de abdicar da própria vida em prol da outra pessoa. E você ? Tudo o que tem feito é se envolver com milhares de garotas, conquistá-las e descartá-las. Cada beijo, pra você, é como se fosse um troféu. Você nunca amou ninguém, mon ami.

- Você infla o peito para fazer o discurso sobre o amor, Kamus ? Se eu não sei o que é amar, quem dirá você, tão frio e distante, sempre sozinho ! Não é você quem não gosta de sentimentos ? Eu não vim aqui para brigar com você, Kamus.

- E eu também não quero brigar. Discutir amor com você é como pregar no deserto. Vamos encerrar este assunto por aqui ?

Um Miro bastante contrariado aceitou a oferta. Sentou-se novamente ao lado do amigo.

- Você vai realmente atrás de Amelie ?

- Sim, vou. Ela está aqui só de passagem, será nada mais que uma curtição.

- E algo com você já passou disso ?

- Kamus ! – Miro o repreendeu.

- Desculpe-me, mas apenas falei a verdade. – Miro fez uma cara brava – O que você quer aprender ?

- Nem sei mais se quero... Depois desta discussão toda e ainda mais depois da aula de sedução que você me deu...

- Aula de sedução ?

- Sim, afinal não foi o charmoso Kamus quem disse que se ela quisesse um francês o procuraria na França ?

- Ah, Miro ! – Kamus faz uma cara de “deixe de fazer charminho” – Sério, o que você quer que eu traduza ?

Kamus gostou do comentário de Miro. Mas, obviamente, não exteriorizou o fato.

- Sei lá... Tenho que concordar com você... Mas talvez deva apenas dizer uma frase em francês.

Kamus já estava achando aquela confusão de Miro engraçada. Deu um sorriso. Miro achou interessante ver Kamus sorrir e falou.

- Como poderia dizer “Você quer dormir comigo esta noite ?” ?

- “Voulez-vous coucher avec moi ce soir?”. – Kamus respondeu secamente.

Miro repetiu a frase algumas vezes, indicando para que Kamus o corrigisse até atingir a pronuncia correta. Kamus estava muito sério e se limitou a fazer acenos com a cabeça, indicando se estava correto ou não.

- Você hoje realmente acordou pelo avesso, Kamus. Eu já vou. Obrigado pela frase, ela me será muito útil.

Miro deu um sorriso irônico. Vestiu a armadura de Escorpião e saiu. Kamus continuou sentado. Segurava o livro, mas não conseguia se concentrar no que lia.

“Se não bastasse eu ter que ficar aqui ensinando francês a você para conquistar garotas, você ainda irá usar o que aprendeu com Amelie !”

Os olhos de Kamus marejaram.

“Não sei como deixei que isso acontecesse... Quando dei por mim, já era seu amigo. E mais rápido ainda, percebi que te amava. Maldito seja, Miro ! Por que eu tenho que passar por tudo isso novamente ?”

Perdido em seus pensamentos, Kamus entrou no banheiro e foi tomar uma ducha.

 

 

A noite chegara.

Miro trajava uma calça negra e uma camisa branca. Havia saído discretamente do Santuário para não chamar atenção de ninguém que pudesse impedi-lo. Chegara ao pub combinado fazia alguns minutos e sentara-se no bar. Bebia um bloody mary[2] e aguardava a garota. Sentiu um perfume agradável e conhecido atrás de si. Virou-se.

Amelie, uma belíssima garota de cabelos lisos e dourados e olhos muito azuis que pareciam um reflexo do céu, estava parada atrás dele. Usava um lindo vestido negro, contrastando com a pele alva, bem decotado e curto, indo até a metade de suas coxas grossas.

- Bonsoir, Miro. – ela falou delicadamente.

- Bonsoir, Amelie. – Ele deu um sorriso – Vamos nos sentar ali ? – ele apontou um sofá no canto do pub.

Ela fez um sinal afirmativo e foram.

- Non sabia que você falava francês, Miro.

- Digamos que tenho apenas alguns conhecimentos básicos devido a convivência com um amigo francês. – Miro lembrou-se de Kamus. Lembrou-se de quanto ficara incomodado com aquela garota. Queria descobrir o porquê, mas não tocaria no nome do amigo.

- Interessante, mon amour.

- Você está belíssima neste vestido, Amelie. – Os olhos de Miro eram carinhosos, mas denotavam uma grande malícia.

- Já está me galanteando ? Apressadinho, non ?

Ela deu uma risada. Colocou uma de suas mãos nas coxas do grego. Ele se aproximou e a beijou com luxúria. Beijaram-se desesperadamente por um bom tempo, até que Amelie se afastou.

- Você está indo muito rápido. Eu quero me divertir um pouco por aqui. Você ainda nem ao menos me ofereceu uma bebida...

Miro sorriu. “Meu Deus, como ela é quente !”. Levantou-se e foi pegar algumas bebidas. Voltou com duas Piñas Coladas[3]. Ela o olhava cheia de lascívia. Começaram a beber e conversar.

- Por quanto tempo ficará aqui ?

- Uma semana. Volto para França no domingo da semana que vem.

- Tão pouco tempo ! Mal poderemos aproveitar... – Miro sorriu. Ela estreitou os olhos felinamente.

- Temos a semana inteira, mon amour...

Miro parou. Ele não poderia ter a semana inteira. Tinha obrigações no Santuário e se começasse a sair todos estes dias seguidos, acabaria se metendo em encrencas.

- Temo que não tenhamos a semana inteira...

- Por quê ?

Miro não sabia como responder.

- Non achei que tivesse tão importantes obrigações...

- Não vamos pensar nisso agora... Que perfume é este que está usando ?

Ela riu alto. Miro parou para analisar o que tinha acabado de perguntar.

“Que pergunta mais sem sentido... Não acredito que a bebida já esteja surtindo efeito...”

- Interessado em parfums ? Non imaginei que gregos ligassem muito para isso.

- A pergunta realmente foi idiota... Não sei o porquê disso...

- Non, non existe perguntas idiotas. Este parfum é realmente cheiroso, tem cheiro de flores. O nome dele é Anaïs Anaïs[4].

“Afrodite iria adorar ganhar este perfume...”

- Deixando todo este assunto de perfumes de lado, vamos dançar ? – Miro sorriu encantadoramente malicioso.

- Já non era sem tempo ! – Amelie exclamou.

Ela o puxou pelo braço até o meio da pista. Dançaram loucamente todas as músicas que podiam. As pessoas na pista abriram espaço para o casal. Ambos dançavam denotando uma sensualidade felina. As pessoas que estavam no pub aplaudiam e incentivavam. Os dois pareciam adorar ser o centro das atenções. As músicas sempre dançantes os faziam dançar muito próximos, deixando-os cada vez mais incitados a um contato maior. Depois de meia hora dançando alucinadamente na pista de dança, Amelie se debruçou e sussurrou no ouvido do grego.

- Faça amor comigo.

Miro sabia que ela era atirada, mas não esperava por esta. Pensou rápido.

- Vamos sair daqui. – sussurrou em resposta.

Começou a conduzi-la para fora do local, sob os aplausos dos presentes. Seguiram correndo por algumas ruas até avistarem o hotel onde Amelie estava hospedada. Subiram e entraram no quarto. O desejo de ambos estava a ponto de explodir. Beijaram-se alucinadamente e tiveram uma noite inesquecível.


Continua...

- # - # -


Notas :

[1] No mangá, o nome do lugar onde Mu mora é Jamir, não Jamiel. Embora existam edições do mangá que chamam o local de Jamire. Acho, sinceramente, que Jamire é o correto, pois se transformaria em “Jamil”. Mas isso faz uma bagunça danada... Quanto aos nomes de Miro, Aioria e Aioros, eu prefiro utilizar o “r” em vez do “l”. Fica bem mais bonitinho ^^’ !

[2] Bloody Mary é uma bebida feita com vodca, suco de tomate, pimenta do reino, sal, molho inglês e um pouquinho de limão. É forte, mas com uma combinação dessas, eu nunca que gostaria de provar...

[3] Piña Colada é um coquetel caribenho, também à base de vodca.

[4] De fato existe o perfume Anaïs Anaïs. Seu cheiro realmente é o de flores e é delicioso – embora exista muita gente que não o suporte. Só que o perfume não é impregnante, como eu o coloquei na fic.

 

 



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mellony - 2008-07-30 20:37:25
nossa o kamus lendo o retrato de dorian gray??(esse livro apavora, só o final q é tosco....) ta mto massa.....




Larissa Cherry - 2006-12-21 22:26:56
WOW!!! nossa... eu nem sei o que falar sobre essa fic... me emocionou profundamente... eu já li muitas fics, poucas me tocaram como essa. Você conseguiu relatar o sofrimento dos personagens de um ótima forma!!! não tenho outra coisa a lhe dizer a não ser: meus parabéns

Chibiusa-chan respondeu: Larissa, muito obrigada ! Essa fic é o meu bebezinho, a primeira que escrevi depois de muito tempo. E me deixa muito feliz saber que as pessoas leram e gostaram dela. Beijos ! Chibi-chan







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