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Nota da Autora: Apresento-lhes Kaila e Kira. Essas personagens me pertencem. Nasceram a 3 anos. Não lembro como, mas desconfio que foi em uma época em que minha vida estava de pernas pro ar. Minha vida pessoal estava o caos, e sempre quando ia dormir, pensava nos problemas. Para poder fugir, criei um mundo paralelo onde Kaila na verdade sou eu. Mas ela é totalmente diferente de mim. Eu gostaria de ser ela, na verdade. Apesar de todo sofrimento de sua vida, ela é forte. Eu também sou, mas ela é inigualável! Se eu pudesse, escolheria passar um dia sendo ela. Kira é sua irmã gêmea. Um dos meus sonhos que nunca irá se realizar, que seria ter uma irmã idêntica a mim. Elas são muito unidas, apesar de terem crescido separadas durante um tempo. Esta é a história da vida conturbada de Kaila. Desprezo, drogas, mortes, amor, amizades. Tudo isso e muito mais aconteceu na vida dela. Quem irá lhes contar essa história será a própria. Com muita dor e ao mesmo tempo alegria no coração, ela contará sua vida desde o dia em que nasceu. O dia trágico, como ela mesma diz.

Cap.:1

 

Kaila Azov, esse é o meu nome. Tenho 21 anos e sou brasileira. Meus pais são russos. Irina e Dimitri Azov. Não pensem que amo falar o nome deles. Na verdade me dá ânsia de vômito. Tenho 2 irmãos. Reilly, que faleceu, ou melhor, que mataram, e Kira minha irmã gêmea. Amo meus irmãos mais do que tudo. Mas Reilly infelizmente teve que pagar com a vida por saber demais. Eles foram os únicos da minha família que me amaram de verdade. A minha história começa quando minha mãe engravidou de mim e da Kira. Meus pais eram agentes da CIA. E por lei interna deles, os casais que são casados, são obrigados a terem no máximo, eu disse no máximo, 2 filhos, para depois esses filhos virem a substituir os pais como agentes. Pois é, só que a minha querida mãezinha (digo isso com todo o sarcasmo do mundo), ficou grávida de gêmeos. E no dia do nosso nascimento, o dia trágico da minha vida, eu fui colocada para fora de casa. Bem, de casa não, do hospital. Ela tinha decidido com meu pai, que o primeiro bebê que saísse seria a filha tão esperada. E a que ficasse pra trás, a filha que seria morta. Adivinha quem foi a premiada? Minha mãe disse para o meu pai me tirar da frente dela, que me afogasse, me desse um tiro, mas eu tinha que ser tirada da frente dela. Meu pai achou por bem não me matar. Me deu p/ a ex-governanta que trabalhava na casa deles aqui no Brasil. Como se isso fosse suprir a falta de amor e carinho que nenhum dos dois me deram. A única coisa que ele disse foi que ia me registrar,mas que ela que cuidasse de mim, porque nem ele, nem a mulher dele, me queriam. Minha irmã Kira também foi registrada aqui no Brasil. Apesar de toda família ser russa, meus pais adoravam o Brasil. Queriam que os dois filhos fossem daqui. Até onde sei, a mulher me criou até os 5 anos de idade. E eu não sei por qual razão, não lembro nem a cor dos olhos dela. Depois disso, a CIA me pegou. Fui educada nos EUA, mas fui educada aqui também. A Polícia Federal do Brasil também tinha poderes sobre mim. Acho que o plano deles era de me transformar em uma arma ou algo do tipo. Ouvi esse tipo de papo quando transitava pelos corredores do QG da CIA, quando ainda morava nos EUA. Lá eu também falava português para quando fosse a hora de voltar, saber o idioma. Com 5 anos, eu e minha irmã nos conhecemos. Diziam que quando éramos pequenas, quando uma chorava, a outra também chorava ao mesmo tempo, não importava a distância. Quando uma ficava doente a outra sentia e ficava também. Coisas de gêmeos. Então, acharam por bem unir as duas e quando tínhamos 5 anos fomos apresentadas. Eu lembro até hoje. Como ficávamos alegres quando uma via a outra! E isso é assim até hoje. Somos muito unidas. Kira vivia na ponte aérea Rússia – EUA. Ela morava lá com meus pais e meu irmão. Aah meu irmão Reilly. Como me amava! E eu a ele. Ele era 8 anos mais velho do que eu. De certa forma foi como meu pai. Mas, uma tragédia tirou a vida dele.

Aos 10 anos de idade voltei a minha terra, Brasil. Eu estranhei um pouco, era tudo tão diferente da América, tudo mais....sujo! Mas o povo era mais alegre e muito mais feliz. Onde eu vivia, as pessoas eram caladas, viviam sob tensão. Aqui no Brasil era tudo mais tranqüilo. Me adaptei rápido. Fui morar em um internato para filhos de policiais mortos. Lá, eles eram educados e treinados para depois virem a ser Policiais Federais e agentes especiais, o que as pessoas chamam de Agentes Secretos. Fui morar nessa escola, tinha tudo lá. Mas as crianças eram educadas para se virarem sozinhas. Com 10 anos eu já sabia me defender, já podia andar pelas ruas sozinha, pegar ônibus, tudo o que uma pessoa mais velha fazia. Diziam que não tínhamos mais pais e tínhamos que saber nos defender. No meu caso eu nunca tive pais. Na época que vivi nos EUA, morei com casais da CIA, mas ninguém me suportava por eu ser encapetada! Então me mandavam de volta. Lá também cheguei a morar com casais brasileiros, mas o resultado era sempre o mesmo, ninguém me queria.

Já com 10 anos sabia lutar, atirar. Fazia parte do treinamento da CIA. Eu não era criança lá. Era quase como um robô deles. Tinham outros como eu. Aqui no Brasil era um pouco diferente. Na escola nós tínhamos tempo de brincar. Mas eu sempre ficava no meu canto. As crianças me chamavam de "A Estranha" pois eu não falava com ninguém. Foi até que um dia veio esse menino, o Lucas. Ele era mais velhinho, tinha 14 anos. Começamos a nos falar e logo ficamos super amigos. Foi ele que me ensinou a andar de Skate e patins Inline. Hoje sei andar bem graças a ele! Começamos a sair, andar com uns moleques que tinham na rua. Eu sempre fui moleca, jogava bola com eles, soltava pipa, brincava de bolinha de gude., como faço até hoje. Só nunca gostei de meninas! Eu sempre me interessei pelos meninos. Me chamavam de sapatão na época, mas eu não ligava. Meus amigos gostavam de mim e eles sabiam que isso não era verdade! Quando meus irmãos vinham passar férias aqui no Brasil, eles vinham ficar comigo, e saíamos muito pra comer sorvete, pizza...O Reilly sempre pagava tudo. Meu pai tinha muitos apartamentos aqui na cidade, e uma casa enorme em Vargem Grande. Uma mansão. Era pra lá que eles iam sempre quando vinham ao Brasil. Eu nunca quis ir lá, apesar dos convites que a Kira e o Reilly sempre me faziam. Eu não estava nem um pouco a fim de encarar aqueles dois desgraçados. Meus pais. Ai, como eu os odeio! Tudo de ruim na minha vida eu devo a eles! Mas quando meus irmãos chegavam, eu esquecia o que era ódio. Quando partiam, era em Lucas que eu me segurava. Ele era meu melhor amigo depois dos meus irmãos. Os pais dele tinham morrido em combate, como eles chamam. Ficou órfão, e tinha decidido que seria policial pra poder ir atrás do desgraçado que matou seus pais. Eu disse a ele que, pelo menos, os pais dele tinham morrido o amando, enquanto que os meus...

Um dia, os meninos com quem nós andávamos, nos chamaram para ir a praia. Eles iriam nos ensinar a surfar! Caramba, como eu fiquei feliz! Andar com eles era tudo de bom, era a minha família. Um mês depois eu tava surfando que nem peixe! Íamos a praia todo santo dia depois da escola, no final do dia voltávamos para o internato. Eu estava louca pra contar a novidade para os meus irmãos. Eles iriam ficar muito felizes com isso. Iriam ver que eu estava fazendo amizades de verdade, e que não era mais aquela menina sozinha. Reilly ligou dizendo que eles vinham para o Brasil no dia seguinte e que tinha algo muito importante para me contar e que era muito sério. Algo que ele precisava me confidenciar porque, por esse segredo, ele não sabia quanto tempo ia viver. Ele sempre jogou aberto comigo, eu tinha pouca idade, mas já era bem adulta por causa de tudo o que passei. Fiquei preocupada, mas preferi esperar, não quis ficar nervosa antes do tempo.

No dia seguinte, eram umas 16:00h, Reilly me ligou e marcou de se encontrar comigo. A gente sempre se via numa praça bem bonita que tinha perto do internato, mas dessa vez, ele marcou em um lugar diferente, justamente porque tinha que contar esse "tal segredo". Ele disse para eu ir na garagem de um shopping da zona sul da cidade. "Que lugar estranho pra marcar encontros!" pensei. Às 17:00h, hora marcada, eu estava chegando ao estacionamento. Foi quando eu o avistei. Abri um grande sorriso porque eu estava morrendo de saudade. Ele também deu um sorriso lindo pra mim. Foi quando ouvi o tiro, e meu irmão caiu no chão.

 

Nota da Autora:Vocês não sabem como eu estou feliz em estar contando a História da Kaila. A 3 anos essa duas vivem na minha mente. A 3 anos Kaila e Kira lutam, pedem, imploram para sair. E foi em um desses tópicos do fórum da FFSOL, que conversando com a Ayla Pupo, vi que não era só eu que vivia no meu mundinho paralelo. Ela disse que estava escrevendo uma história de uma personagem que na verdade era ela, só que um pouco diferente. Eu pensei:Opa..eu também! Disse isso a ela, e tomei coragem e comecei a escrever!Se você chegar a ler essa história Ayla, muito obrigada pela coragem, que mesmo você não sabendo, você me deu. A Kaila e a Kira também estão agradecendo por você ajuda-las a sair! Aguardem os próximos capítulos, porque se vocês pensam que a Kaila já sofreu muito, estão bem enganados! Ah, e muuito obrigada mesmo a quem leu! Essa história é a mais importante da minha vida!