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Notas iniciais do capítulo

Hetalia não me pertence, nem Tino muito menos Berwald *chora*


Espero que gostem. ^^

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            Tino correu para o banheiro assim que todos os nórdicos saíram.

            Virou rotina depois que se tornou “esposa” de Berwald trancar-se no banheiro do quarto onde agora dividiam e chorar.  Chorar até perder as forças.

            Por que tinha que ser assim? Por que isso acontecia com ele?

            Olhou-se no espelho: encontrou os mesmos olhos vermelhos que entregavam toda a tristeza que ele tentou esconder de todos até aquele momento. As mesmas bochechas rosadas devido o choro. A mesma expectativa de dor que sentiria novamente naquele ato.

            Pegou em suas delicadas mãos o instrumento que usaria para tentar aliviar sua dor e observou-o por alguns instantes.

            Era tão brilhante, tão puro... Era até engraçado pensar que aquele mesmo objeto serviria para machucar.

            Decidiu que era hora de terminar com aquilo de uma vez por todas. O pequeno nórdico soltou por alguns instantes a navalha que tinha em mãos e tirou sua camiseta, revelando o símbolo de sua vergonha que tanto queria tirar de si: ao soltar a camiseta que acabara de despir e olhar-se novamente no espelho, seu reflexo revelou um par de asas presas parcialmente por uma espécie de colete. As tiras de couro que as prendiam firmemente já machucavam a pele tamanha era a força com que foram amarradas em torno de seu tronco. E ele voltou a chorar.

            Tino era um anjo. Um anjo que não queria ser anjo. Queria ser Tino. Só Tino.

            Mas ele tinha asas e não se sentia confortável com elas. Até porque, quem em sã consciência iria querer um par de asas brancas em suas costas?

            Pegou a navalha novamente e fez um corte superficial no dedo. Não que estivesse com medo de fazê-lo – o garoto já havia cortado suas asas muitas vezes -, mas a dor que sentia no processo era quase insuportável. Era um membro que estava sendo tirando de si, era óbvio que doía. Tino só agüentava toda aquela tortura por uma coisa. E era dessa “coisa” que ele tirava sua força para continuar.

            Berwald.

            O sueco era o único que fazia com que Tino tivesse vontade de viver, de conviver com o seu problema e continuar com todo o processo de amputação de suas asas. Por mais que ele não soubesse do problema de sua esposa.

            Tino e Berwald eram casados, mas nunca firmaram essa união fisicamente. Na noite de núpcias, o menor pediu para Berwald para esperar alguns dias até que se sentisse preparado para o ato e o maior assentiu sem maiores questionamentos. E assim o pequeno anjo foi levando a situação do mesmo jeito, esperando todos saírem para cortar suas asas e escondendo de seu marido todos os vestígios.

            Levou a navalha até a base das asas que se encontravam um pouco abaixo da nuca e, num gesto rápido, rasgou a pele que as envolviam na extremidade, vendo-as caírem ao chão banhadas de sangue.

              Tino tentou equilibrar-se, mas a dor foi tão intensa que acabou caindo em cima de suas asas, agora sem vida e imersas numa possa rubra que ficava maior a cada segundo. Sua visão embaçou, sentiu suas extremidades formigando e assim desmaiou em meio a todo aquele pesadelo que era sua vida.

 

~x~

 

            O finlandês, ainda de olhos fechados, passou as mãos sobre as costas, percebendo-as agora lisas, sem nenhuma anormalidade aparente.

            Sorriu. Afinal, poderia fingir até a próxima semana que era uma nação comum como todas as outras e quem sabe, enfim, tentar mais uma vez resolver sua situação com Berwald.

            Abriu os olhos lentamente e encarou um par de asas diminuído ao seu lado. Era normal as asas diminuírem no momento em que não mais faziam parte de seu dono. Tino agora estava temporariamente livre de seu tormento. Tentou levantar, mas foi surpreendido por uma fisgada vinda diretamente do lugar onde antes suas asas estavam presas.

             Foi então que gritou. E gritou tão alto que até mesmo ele se assustou com a intensidade daquele grito.

            Tino começou a chorar e a tentar novamente se levantar, mas tudo foi em vão. Seu corpo não obedecia e cada vez mais o sangue se esvaia do frágil corpo caído no piso do banheiro. E ai aconteceu.

            O finlandês, novamente com a vista embaçada, apenas conseguiu visualizar uma silhueta entrando no banheiro após arrombar a porta do mesmo e o carregar para o quarto. A dor se intensificava a cada passo dado por aquele que o levava em seu colo e Tino não podia fazer nada a não ser gritar e chorar. 

            - Su... Su-san... – Foi a última coisa que o menor falou ao fechar os olhos pela segunda vez naquela tarde.

 

~x~

 

            Berwald não dormiu nada naquela noite. Ficou cuidando de sua esposa até ter certeza de que estava fora de perigo. Tino passou a noite inteira com febre e suas alucinações eram incrivelmente assustadoras. Ele gritava algo como “não me deixe” e “tire-as de mim”... E ainda tinha aquele corte em suas costas para piorar a situação.

            O maior estava tão atônico com tudo aquilo que esqueceu até de ligar para um médico ajudar-lhe com Tino.  

            - Su-san?

            O finlandês mal abriu os olhos e Berwald segurou sua mão como se quisesse mostrar que não o havia abandonado – as frases ditas pelo menor enquanto delirava de febre ainda o assombravam.

            - O que aconteceu? – Perguntou o maior, sentindo sua esposa se encolher na cama com a pergunta.

            - Eu sinto muito... Perdoe-me Berwald, eu deveria ter contado antes de nos casarmos... – Tino estava desesperado. A idéia de que o sueco havia descoberto seu segredo era demais para ele agüentar. A dor era pior do que a sentida quando cortara suas asas.

            - Do que está falando?

            - Você viu! Não precisa esconder, eu sei que você viu! Lá no banheiro, aquela maldição que me acompanha desde que nasci! Você viu... – O finlandês tinha o rosto banhado em lágrimas e suas mãos agarravam firmemente o suéter de seu esposo. – Eu não sou normal, Berwald. Toda a semana é a mesma coisa, eu tenho que retirá-las porque elas nascem de novo...

            - Tino...

            - Não! – Gritou. Seu rosto se ergueu para encarar os olhos do maior. – Eu tenho asas, Berwald! Todo esse tempo eu enganei você, escondi que sou um anjo! Eu... Eu não sou normal...

            Foi então que Tino levantou da cama e cambaleante se dirigiu ao banheiro para pegar as asas e mostrá-las a Berwald, mas não as encontrou.

            - Onde...?

            - Tino – O sueco puxou o menor para o quarto novamente e o fez sentar na cama. Sua expressão era calma como se nada tivesse acontecido. – Eu não vi suas asas. Eu não vi as plumas espalhadas por todo o lado. A única coisa que eu vi foi você banhado em sangue e gritando no chão do banheiro.

            - Mas...

            - Eu passei a noite inteira cuidando para que você melhorasse e não me importei com um par de asas dentro do banheiro. Porque eu casei com você tudo mais que veio junto.

            O finlandês continuou imóvel em cima da cama por algum tempo. Nunca havia visto seu marido pronunciar tantas palavras em um espaço tão curto de tempo.

            - Então... Você me perdoa, Su-san?

            E Tino não recebeu nenhuma resposta verbal dessa vez. Apenas um abraço de seu marido que significou muito mais do que simples palavras poderiam expressar.

 

 

Fim.



 

Notas finais do capítulo

SuFin *babando*Espero que tenham gostado e...e... Mandem reviews