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— Sempre tão arrogante, não é mesmo, senhorita Granger?

Ela ergueu os olhos dos jornais que analisava. Normalmente, ignoraria por completo aquelas provocações que não surtiam efeito desde o fim de sua adolescência. Havia tanto em que pensar... Voldemort no poder. Harry morto. Pais que não se lembravam dela. O Weasley que às vezes desaparecia para chorar em silêncio a saudade que sentia de seus familiares. Com um suspiro, Hermione esfregou os olhos.

— Só estou tentando formular um plano.

Severus arqueou as sobrancelhas levemente. Deslizou da janela até a cadeira em que a grifinória sentava-se. Olhou-a de cima, quase com superioridade.

— Não se esqueça de que, ao contrário de você, eu não sou bem-vinda à luz do sol.

Os lábios dele se moveram, mas não emitiram som. Pela primeira vez em anos, Severus observou Hermione. Observou os cabelos que caíam em cachos sobre os ombros. Observou as olheiras ao redor de seus olhos. Havia tanto de Lily nela. Os anos secretamente passados na resistência mostraram-lhe isso. Mas também mostraram algo mais. Uma força, uma inteligência, uma bondade que eram apenas dela. Se não fosse por Hermione, o Weasley também estaria morto. Se não fosse por ela, Severus não teria quem o acompanhasse pelo tortuoso caminho deixado pela partida de Harry.

— Seu plano é horrível — sussurrou. — Eu esperava mais de uma aluna metida a sabe-tudo como você.