Nota da Autora: Segundo capítulo do meu fic. Eu não tenho muito o que dizer. Como vocês sabem, estou amando escrever essa história. Estou apaixonada cada vez mais pelos meus personagens, principalmente pela Kaila! É muito bom poder estar passando isso pra vocês. Bem, chega, continuem com a história.
Cap.:2
Não...Eu não estava acreditando. O Reilly ali, caído com uma bala cravada na sua cabeça. Eu cheguei perto, olhei, olhei. Abaixei e toquei a mão dele. Dei um beijo nela. Ele estava de olhos abertos e o sangue, tinha muito sangue. Eu estava com uma blusa branca e logo ela estava vermelha. Mas era o sangue do meu irmão. Eu me deitei junto dele, estava em choque, eu sei. Mas sabia tudo o que estava fazendo e dizendo. Comecei a cantar uma musiquinha que ele cantava pra mim quando eu era pequena. E também comecei a conversar com ele. Relembrei várias passagens felizes da nossa vida. Só fui me dar conta de onde estava, quando o policial me disse para levantar. Aí pude ver quantas pessoas tinham ali, enquanto eu estava me despedindo do meu irmão. Mais tarde me levaram para o internato. Lucas veio me contar que tinham apagado meu pai também. Logo saquei que era queima de arquivo. Juntei tudo, e vi que meu irmão ia me contar algo realmente sinistro. Mas logo depois esqueci tudo. Não estava com cabeça pra dar uma de detetive. Kira me ligou avisando de onde seriam os enterros. Eu não queria ver ninguém. Principalmente a minha mãe. Não chorei durante toda a noite. Fui ao velório e fiquei lá com a minha irmã. Não nos desgrudamos. De uma certa forma, sabíamos que a partir daquele dia, só tínhamos uma a outra. Foi bonito e triste ao mesmo tempo. Kira pediu para que eu cantasse a música favorita de Reilly. Eu cantei com um nó na garganta. Quando estava baixando o caixão, comecei a chorar descontroladamente. Eu detesto chorar. Mas, vendo meu irmão indo embora de vez, não consegui segurar. Minha mãe dava uma de viúva coitadinha. Eu deveria ter jogado ela junto com o caixão do meu pai naquele buraco!
Lucas me chamava, mas eu não sentia mais vontade de sair. Olhava as fotos do meu irmão, e chorava muito. Minha irmã tinha voltado pra Rússia. Me sentia sozinha. Depois de muita insistência, Lucas conseguiu me tirar do quarto. Era noite. Estava um pouco melhor. Ele me fazia rir, comecei a ver nele o irmão que tinha perdido. Fomos nos juntar com o pessoal que a gente andava. Eles estavam na praça bonita que eu me encontrava com meu irmão. A noite, não vai ninguém lá...não sabia o porque. Foi quando percebi que eles bebiam e fumavam. Lucas me puxou e sentamos. Perguntaram como eu estava e eu respondi que não muito bem. Um deles me estendeu uma garrafa. Disse pra eu tomar, ia me sentir melhor. Eu não pensei duas vezes. Saí bebendo. Não sei porque mas aquele vinho estava muito saboroso. Comecei a ficar tonta, mais solta. Vi que Lucas e mais 3 estavam indo pra um cantinho escuro. Quis saber o que era. Fui atrás e vi eu enrolavam algo. Cheguei, perguntei. Disseram que era maconha. Me ofereceram. Foi engraçado, porque eu nunca tinha fumado nem cigarro na vida. Engasguei e comecei a tossir. Passado os dias, comecei a ir para aquela praça todos os dias com Lucas. Queria beber, me sentia liberta. Mas meu irmão não saía da mente. De vez em quando, Kira me ligava pra saber como eu estava. Eu dizia que estava bem. Ela me contou que dentro de alguns dias estava chegando ao Brasil porque meu pai tinha deixado um testamento. Pensei:Não sei o que tenho a ver com isso. Mas fiquei na minha.
Vinha notando que Lucas estava um pouco diferente. Não estava indo as aulas, parou de me procurar um pouco. Pensando que era algo comigo, fui procurar ele. Eram 15:30h e ele estava dormindo! Como pode? Entrei no quarto e comecei a abrir as cortinas e tentei acorda-lo. Ele despertou com um mau humor que me deu vontade de surrar ele! Passado tudo isso, perguntei porque ele estava dormindo naquela hora. Ele não respondeu. Me perguntou como eu estava. Eu disse que não muito bem. Sentia saudades do meu irmão. Não conseguia tirar a imagem do meu irmão com a cabeça estourada da minha mente. Ele pegou na minha mão, e disse que ia resolver meu problema. Ele tinha descoberto uma forma de acabar com essa tristeza. Ele estava muito agitado. Foi quando ele disse pra eu ir até meu quarto, pegar um dinheiro porque a gente ia sair. Fiz o que ele disse. Tinha dias que não nos víamos e eu não via a galera a muito tempo também. Saímos do internato era 16:30h.
Fomos parar na casa de um cara que ele dizia que era um novo amigo dele. O cara parecia ser super gente fina. Lucas disse que a gente tava precisando de conforto pro nosso espírito."Conforto pro espírito?? Isso aqui é centro de macumba??" Pensei em mil coisas. O cara sai lá de dentro com um potinho. Tinha um pó dentro. O cara dizia que aquela era purinha direto do México. Tinha chegado por aqueles dias. Ele disse o valor, Lucas pediu minha grana juntou com a dele e pagou o cara. Voltamos pro internato e fomos pro quarto dele. Todos os quartos do internato tinham banheiro. Lucas tinha arrumado um mini fogão, desses que se leva pra acampamento. Ele pegou uma panelinha, colocou um líquido, que eu não sabia se era água, e juntou o pó que tinha dentro do potinho que a gente comprou com o tal "novo amigo" dele. Minutos depois, Lucas pegou uma seringa, e colocou o líquido dentro dela. Ele me disse que eu ia ficar bem de novo. Minha tristeza ia passar se eu injetasse aquilo. Ele era meu amigo, eu confiava nele e além do mais, não agüentava mais de tristeza. Eu peguei a seringa, procurei minha veia, me piquei. Esse foi meu primeiro contato com a Heroína.
Senti uma grande vontade de vomitar. Náuseas atrás de náuseas. Quando passou, comecei a me sentir leve, feliz, eufórica. Não estava mais depressiva como antes. Eu estava em paz. Um tempo depois, comecei a me sentir depressiva de novo. Só que dessa vez era bem pior. Uma tristeza sem explicação. Eu queria mais. Disse pro Lucas me dar mais e ele foi derreter o restinho que tinha sobrado. Me piquei outra vez. Acabei dormindo lá mesmo, no chão do quarto dele.
No dia seguinte, acordei com a cabeça doendo. Olhei pro canto e o Lucas estava lá, se picando logo pela manhã. Eu disse pra ele parar mas ele disse que não tava a fim. Eu ia pedir um pouco pra mim, mas lembrei que tinha aula. Não queria faltar. A tristeza voltou e eu não tava suportando. A depressão tava me comendo por dentro. Horas depois, pedi ao Lucas pra gente ir comprar mais. Compramos, usamos. Fomos pra rua, ficar com o pessoal. Naquela época, Heroína estava meio que na moda. Todo mundo usava. Com duas semanas de uso, eu já estava viciada. O pior é que a Kira estava pra chegar.
Na semana seguinte fui recebe-la no aeroporto. Ela e minha mãe. O olhar daquela mulher só me faz sentir mais ódio dela. Fria, calculista. A Kira estava muito abatida. Tadinha da minha irmã. Mas Irina,essa não. Mantinha a compostura. Não me dirigiu nem um "oi". Estava de preto, como se realmente estivesse triste pela morte do marido e do filho. Eu perguntei pra Kira porque eu tinha que ir junto pra poder saber o que meu pai tinha deixado."Ordens dele mesmo."Ela disse. Chegamos lá. Sentamos e o advogado começou a ler o testamento. Meu pai era dono de uma pequena fortuna avaliada em 20 milhões de dólares. Era a fortuna da família Azov. Porque você acha que a minha mãe casou com ele? Grande trouxa. Quando o advogado terminou de ler o testamento, nós 3 não acreditávamos. Ele tinha deixado tudo pra Kira e pra mim! Para mim! A filha que ele rejeitou! Apartamentos e os 20 milhões! Esses foram divididos entre mim e minha irmã. Tinha que ver a cara da minha mãe. Se ela tivesse um fuzil, me matava na hora! Suave vingança a minha! Fiquei rica!
Kira tinha que voltar pra Rússia, era época escolar. E eu voltei rica para o internato. Só que eu não poderia colocar a mão nessa grana toda agora. Eu iria ganhar uma pensão de R$1000,00 por mês, e quando eu tivesse 13 anos poderia sair do internato e ir morar em um dos apartamentos do meu pai! Estava decidia em sair de lá. Eu pensava que ia ter mais liberdade. Ia poder me picar na hora que eu quisesse, sem me esconder. Cheguei e fui procurar Lucas. Estava sem nada e queria algo pra ficar mais animada. Na verdade,meu corpo tava pedindo por ela. A heroína. Ele estava sem nada e sem grana também. Eu tinha pouco, mas dava pra nós dois. Fomos até o nosso fornecedor, e compramos mais do que podíamos. Coloquei o resto na conta. Agora eu sou rica! Podia pagar depois! Só que a coisa foi ficando descontrolada. Cada dia estava me afundando mais e mais. Mais e mais eu queria me picar. Mais e mais eu queria sentir aquilo. Meu corpo pedia,minha cabeça mandava. Meu corpo queria mais e mais o cabeceio*. Quando ficava sem ela, uma crise de choro me tomava. Em qualquer lugar, na aula, na rua, eu chorava. Quando ficava 1 dia sem me picar sentia muitas dores no estômago ao ponto de no meio da rua, me contorcer de dor. Quando não tinha heroína me contentava com cola, ou então cocaína. A gente tinha uma brincadeira. O Speedball*. Quando se junta heroína e cocaína. Então, quando não tinha eu cheirava coca ou cola de sapateiro que era mais fácil de arrumar. A vida pra mim tava ficando cada dia mais difícil. Eu só vivia pra me drogar. Todo dinheiro que eu arrumava era pra comprar droga.
Finalmente, consegui me mudar. Tinha completado 13 anos e podia ir morar em um dos apartamentos do meu pai. Ah, liberdade finalmente! Chamei o Lucas pra ir comigo e ele aceitou. Saíamos todas as noites. Paramos de ir pra escola e pessoal do internato viu isso, e começou nos seguir sem a gente saber. Descobriram que eu estava me drogando. Cortaram a minha pensão. Fiquei desesperada porque não ia mais ter dinheiro pra me picar. Lucas começou a praticar pequenos furtos pra sustentar nosso vício. Comecei a vender as coisas de casa. Fui arrumando grana assim. Não tinha mais o que comer. A única solução seria voltar ao internato e pedir ajuda. Mas eu não queria isso. Não mesmo.
Uma noite, cheguei em casa. Tinha arrumado um pouco de cola pra cheirar e matar o tempo. Vi que a luz do banheiro tava acesa. Deveria ser o Lucas. "Deve ter pico!"Pensei. Fui correndo e o que vi? Ele, caído no chão, com o nariz sangrando. Tava morto. Teve uma overdose e foi de cocaína. Chamei ajuda. Outra perda, só que dessa vez por causa da droga.
Gente, vou colocar aqui a partir de hoje, um mini glossário pra vocês poderem tirar algumas dúvidas de algumas palavras no texto.
*Cabeceio: Logo depois de injetar a heroína, o usuário fica em um estado sonolento e fora da realidade.
É o que se chama de "cabeceio ou cabecear".
*Speedball: A heroína adicionada à cocaína constitui uma mistura tóxica forte,
sendo usada freqüentemente nos Estados Unidos, onde é conhecida por speedball.