Era uma tarde de domingo. O tempo estava feio, parecia que iria chover.
Estavam todos na casa de Yusuke. Hiei estava agitado: andava de um lado para o outro, grunindo, parecia um louco. Aquilo não era normal. Algo o estava incomodando. Não era para menos... Yukina e Kwabara haviam começado a namorar à algumas semanas. E esse estresse não passou despercebido. Só que Hiei estava mais nervoso que o normal, e ninguém tinha coragem de falar com ele:
- Fala com ele você, Kurama - disse Yusuke - Todos nós sabemos que você é o mais chegado nele!
- É, mas hoje ele está diferente! Tá me dando medo! Vai você!
- Eu, não! Já morri duas vezes e não quero passar por isso pela 3ª vez!
- Credo, mas vocês são mesmo uns medrosos, viu? - disse Kwabara - Falo eu com ele!
- 'Cê tá louco, é ? - Yusuke
- Não faça isso! - advertiu Kurama - Você é a última pessoa no mundo de quem ele precisa!
- E por quê?
Kurama e Yusuke se entreolharam, sem saber o que dizer. Por sorte, Kurama foi esperto (novidade!) e pensou em uma resposta bem rápido:
- Se esqueceu que ele te odeia? Você já debochou tanto dele que...
- É, mas isso já foi faz tempo! Agora, nós já não nos damos tão mal! - e foi.
- Eu cuido das flores ! - disse Kurama, já achando que Hiei mataria o pobre coitado do Kwabara.
- Fico com a homenagem! - disse Yusuke
- Levarei a alma dele com segurança! - Botan
- Eu ajudo o Kurama! - Keiko
- Pobre Kazuma... - Shizuru
- ??? - a inocente Yukina não entendia nada.
- Meninas, vamos embora!- disse Botan - A coisa vai ficar feia!
Kwabara chegou perto de Hiei e colocou a mão em seu ombro:
- Hiei, você tá bem?
- Não toque em mim!! - gritou Hiei, empurrando Kwabara com um golpe violento e derrubando-o no chão.
- Calma aÃ, cara! Que estresse todo é esse ??
- Não é da sua conta! Idiota!
Kurama estava ficando nervoso e tentou acalmar o amigo:
- Hiei, se acalme! Ele não tem culpa! Não sabe de nada!
- Não sei do que??
Hiei parecia cada vez mais irritado e continuava gritando:
- Não me interessa se ele sabe ou não sabe! Ele não vai tirá-la de mim! Não permitirei isso! Nunca! Ouviu? Você não vai afastá-la de mim! Não, mesmo!!
E saiu batendo o pé e grunindo feito louco. Bateu a porta tão forte que a derrubou.Kwabara continuava sem entender nada:
- Do que ele estava falando?
- Nada, não! - disseram, assustados e em coro, Kurama e Yusuke.
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Hiei pode ter saÃdo de lá morrendo de raiva, mas não era bem assim que ele estava se sentindo. E não era só Kwabara que o incomodava. Hiei estava o tempo todo lembrando do que havia ocorrido na tarde anterior, em um passeio com a irmã...
- Está gostando, Yukina ?
- Sim! Obrigada por ter me trazido aqui, Hiei!
Porém, a pequena Koorime não estava com uma cara de quem está muito feliz. e seu irmão, é lógico, percebeu
- Que cara é essa? Você não parece estar gostando!
- Não, não é isso! É que...
- O que?
- Eu queria que meu irmão estivesse aqui!
- Se-seu... irmão...?
- É... eu nunca o conheci! Mas sei que ele devia ser uma pessoa muito boa! è uma pena...
Hiei tremeu. Não podia acreditar que estava escondendo algo tão importante. Yukina continuou:
- Sabe, Hiei... Você é tão legal comigo... Eu gosto muito de você! É como se você fosse meu irmão!
A cada minuto a situação piorava. A cada palavra de Yukina, Hiei sentia mais raiva de si. Mas o pior ainda estava por vir. E foi quando Yukina disse:
- Queria que você fosse meu irmão!"
Desde aquele minuto, aquela frase ficou ecoando na mente de Hiei. Era terrÃvel!
Hiei estava muito nervoso. Foi dar uma volta na praia para ver se conseguia se acalmar. Quem disse que adiantou? Nada! Só piorou! A brisa suave lembrava o leve toque da pequena Koorime; o brilho do mar lembrava os doces olhos da menina. Tudo parecia piorar a situação do pobre rapaz. Para piorar, começava a chover.
Ao sentir a água em seus pés, Hiei caiu de joelhos na areia.Todo o seu corpo estava tremendo; o coração acelerado parecia uma metralhadora disparando de dentro de seu peito; as mãos fechadas e apoiadas nas coxas estavam se espremendo com tanta força que as unhas fizeram cortes nas palmas das mãos; o rosto estava suado, testa e nariz franzidos, olhos espremidos, dentes rangendo. Só para segurar as emoções. Mas não deu certo. Hiei estava atordoado demais para aparentar tanta tranquilidade. Logo ele se viu afogando-se em lágrimas. A chuva piorava. Naquele momento, parecia que toda a sua tristeza, saudade, todos os seus sentimentos pela irmã iam explodir. Hiei não aguentou e começou a berrar:
YUKINAAAAAAAAAAAAAAA !!!!!!! YUKINAAAAAAAAAAAAA !!!!!
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Kwabara e Yukina estavam próximos dalÃ, tomando sorvete na praça.
- Muito bom esse sorvete! Obrigada, Kazuma!
- Que é isso... você merece! - parecia um bobo olhando a pequena koorime.
"YUKINAAAAAAAAAA !!! YUKINAAAAAA !!!" - ouvia-se baixinho. Yukina se assustou.
- Ouviu isso, Kazuma?
- O que?
- Estão me chamando!
- Ah, sim, claro! - pegou na mão dela - É o meu coração que está chamando por você!
"YUKINAAAAAAAAAAAAA !!! YUKINAAAAAAAAAAA!!!" - os berros não paravam
- Não é o seu coração, não, bobo! Eu conheço essa voz! É do Hiei!
Yukina largou o sorvete e saiu correndo em direção aos gritos.
- Espera aÃ, Yukina! Droga!
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Depois de tanto gritar, Hiei estava exausto. Quase sem voz, repetia o nome de sua irmã, bem baixinho, só para si mesmo. Sua face estava lisa novamente, mas as lágrimas ainda rolavam em abundância pelo seu rosto pálido e assustado. Hiei não mais se mexia; suas mãos estavam ensanguentadas e ao seu redor haviam dois buracos enormes na areia, feitos por um começo do golpe das Chamas Negras Mortais, causado inconscientemente por Hiei em seu desespero.
Neste momento crÃtico, Yukina chega. Fica desesperada ao ver o estado do garoto. Vai até ele e tenta acordá-lo:
- Hiei, o que houve? Fale comigo, por favor! Hiei! O que está acontecendo?
O garoto não se mexia, mas falou com ela num estado quase inconsciente, sem mesmo encara-la nos olhos:
- Yukina... - falava baixinho
- Estou aqui! O que aconteceu?
- Me perdoe, Yukina... Por favor, me perdoe...
- Perdoar? Pelo que?
- Me perdoe, por favor... - ainda chorando
- Tá certo, eu perdôo! Não sei o que você fez, mas eu perdôo! Só, por favor, fale comigo!
Desesperada, a pequena Koorime começa a chorar. Eram pedras e mais pedras a cair no chão. Só então, ao ouvir os soluços da irmã, foi que Hiei "acordou"
- Yukina...
- Hiei! Você... O que houve?
- Ah, Yukina... Que bom que você está aqui!
Hiei olhava fundo nos olhos da menina e com tanta ternura... Os olhos dele nunca haviam ficado daquele jeito.
- Eu te fiz chorar... Me desculpe...
- Não tem importância! Você está melhor agora! - Yukina o abraça forte - Você me assustou! Eu fiquei com medo!
De inÃcio, Hiei tremeu inteiro, mas não pode se conter e abraçou a irmã com muita força. Yukina percebeu o sangramento nas mãos de Hiei e se assustou:
- Você está machucado! Vem, vamos para a casa do Yusuke! Deves estar preocupados com a gente! Lá eu te faço uns curativos! A chuva está piorando! Vamos logo!
- Está bem...
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- E aà ? - Kwabara - Escontraram?
- Nem sinal deles - Botan
- Talvez tenham voltado para a casa do Yusuke! - Kurama
- É, pode ser... - Keiko
- Ô, Kazuma - Shizuru - Você quer fazer o favor de me esplicar direito essa história? Como é que você foi se perder dela ?
- Eu já disse várias vezes! Nós estavamos na sorveteria quando ouvimos aqueles berros! Yukina disse que eram de Hiei e saiu tão rápido, que eu não consegui aconpanha-la!
Yusuke e Keiko cochichavam
- Puxa! Isso que é um elo entre irmãos, hein, Keiko?
- Pois é! Tão bonito!
- Mas aqueles gritos pareciam ser realmente do Hiei! - Botan - fiquei assustada!
- É verdade! - Kurama - Eu conheço o Hiei faz muito tempo e nunca ouvi ele gritar desse jeito! É preocupante!
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- Pronto! - disse Yukina, ao curar os cortes nas mãos de Hiei - Está melhor agora?
- Sim, obrigado!
- Que bom! - a pequena koorime deu um lindo sorriso, doce e meigo, como só ela conseguia.
- Yukina, eu... tenho uma coisa para falar e...
Nesse momento, o pessoal chega. Os olhos de Kwabara brilham ao ver a menina. Ele vai correndo ao seu encontro.
- Yukina! Que bom que te encontrei!
- Olá, Kazuma!
- Que idéia foi essa de sair correndo de perto de mim? Não sabe que eu me preocupo com você? Já estava ficando louco!
Hiei os observava com um olhar estranhamente calmo e com um sorriso lindo, sério e, ao mesmo tempo, triste nos lábios. Kurama e Yusuke foram conversar com ele.
- AÃ, Hiei - Kurama - O que aconteceu? Você está bem?
- Ah? Ah, sim! Tá tudo bem! - aquele sorriso estranho não saÃa do rosto dele.
- É, cara! - Yusuke - Você nos deixou preocupados! Ouvimos uns gritos! Era você?
O triste rapaz nada disse. Mas seu lindo sorriso se transformou em uma feição muito deprimida.
- Ô, Hiei ! - Kurama - Responde! Era você?
Nada. A feição de Hiei só ficou mais triste.
- Bom, gente! - Botan - Vou ter que ir, agora! O sr. Koenma vai me matar se eu não chegar lá logo!
- Eu também já vou! - Keiko - Atá amanhã!
- Até! - disseram os outros
- Acho que nõs vamos também, não é, Yukina? - Kwabara
- Sim! Só espere um minuto!
- Está bem...
Yukina foi falar com Hiei
- Você tem certeza de que já está melhor?
- Sim! Não se preocupe!
- Então, tá! A gente se vê amanhã!
A doce Koorime se despediu do irmão com um forte abraço. Kwabara fez uma cara tão feia que deu até medo. Mas foram embora sem maiores complicações.
Yusuke, Hiei e Kurama estavam sós. Mas deu a entender que Hiei não queria falar nada na frente de Yusuke. Eles não tinham intimidade o suficiente para tratar de um assunto tão importante. Então, Hiei e Kurama foram até a casado ruivo.
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Chegando lá, Hiei contou ao amigo tudo o que havia ocorrido desde o passeio com Yukina. Compreensivo como só ele, Kurama entendeu perfeitamente a situação emocional do rapaz, mesmo apesar de sua personalidade forte.
- Deve estar sendo muito difÃcil para você!
- É...
- Tome! Beba isto!
- O que é?
- É um cá de ervas! Para você se acalmar!
- Hunf! Você e suas plantas... - mas bebeu tudo
- Então... o que pretende fazer agora?
- Não sei ao certo... Acho que irei contar toda a verdade a ela! Só não sei como!
- Como é que é?!
- He... - novamente aquele sorriso estranho - Sempre achei que iria conseguir esconder para sempre! Mas acho que me enganei! Só sei que isso é muito importante para ela! Não posso priva-la desse conhecimento!
- Tem razão! É o melhor que você tem a fazer!
- É, mas... como? Não posso simplesmente chegar para ela e dizer "Yukina! Desculpe por ter te enganado! Mas veja pelo lado bom: seu desejo se tornou realidade! Eu sou seu irmão!" Isso é patético!
- Você está certo! Temos que pensar em algo!
- Hunf...
- Já sei! Convide ela para jantar!
- O que?!
- É! Prepare um jantar gostoso, deixe a mesa bem arrumada, com flores, uma boa música... (viajando)
- Ô, Kurama! - meio irritado - Vê se acorda! Não é um jantar romântico!
- Ih, foi mal! Me empolguei!
- Esse negócio de "soldado romântico" tá mechendo com a sua cabeça! Eu só vou conversar com a minha irmã! É coisa de famÃlia, e...
Hiei se assustou com as próprias palavras. "FamÃlia". Soava tão bem...
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Fim do 1° capÃtulo...
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Agradecimentos à Sensei Leda por me incentivar a divulgar essa fic que jah estava guardada há algum tempo ^^ Espero que gostemÂ
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