(Never Meant to Love Him)
Autora original: Ember
Cansada(o) de BVs melosos,
com Bulma e Vegeta gritando um com o outro o tempo inteiro até que pinta o
desejo e os dois vão pra cama? Essa história é pra você.
CapÃtulo
1 - Ajuda
A
única luz na cozinha vinha da geladeira enquanto Vegeta estudava seu conteúdo
para sua quinta e última visita do dia. Podia ser apenas uma da manhã, mas até
ele tinha que admitir seu cansaço e fadiga. Os machucados e hematomas que
riscavam seu corpo eram demasiados para que se concentrasse, e tudo o que ele
queria era um lanchinho rápido antes de ir para o chuveiro e depois para a
cama, permitindo que os ferimentos do dia se curassem enquanto dormia.
Deixou
de lado a dor por enquanto e sorriu, os braços cheios de variados frios, frutas
e comidas feitas com arroz. Seu treinamento fora especialmente bom hoje e,
mesmo que sua fadiga geral lhe causasse um certo arrependimento, não podia
deixar de estar satisfeito com os resultados. Com um treinamento tão intenso e
o corpo moldado em brutalidade, era apenas uma questão de tempo até que a flama
dourada de seus ancestrais aparecesse no Saiyajin adequado.
Em
poucos instantes, a comilança já estava na mesa, sendo devorada em velocidade
máxima enquanto os exercÃcios do dia faziam efeito em seu estômago.
Uma
sensação fê-lo erguer a cabeça alguns milÃmetros, deixando suas sobrancelhas se
repuxarem no meio da testa enquanto seus sentidos lhe diziam que a solidão
das trevas, que ele apreciava, estava prestes a ser perturbada. Fechou a cara
quando a luz do corredor acendeu, confirmando o que sentira e permitindo que
várias sombras se derramassem pelo vidro facetado da porta da cozinha.
Seu
rosto endureceu... aquela era a hora dele! O dia era seu trabalho, e a noite,
seu silêncio relaxante: era o único momento em que se sentia realmente ele
mesmo. Por mais que tentasse (o que, na verdade, não era muito), não podia
deixar de se sentir constrangido na companhia dos humanos. Todos os ocupantes
daquele estranho planetinha conseguiam deixá-lo nervoso de um jeito ou outro,
especialmente aqueles com quem morava.
Sua
mente voltou-se para a direção do barulho suave de pés descalços no
tapete, tentando descobrir qual dos moradores vinha se intrometer no seu
momento da noite. Não que importasse, na verdade. Qualquer um deles seria
mal-vindo. Se fosse o pai, sem dúvida tentaria envolvê-lo em algum papo
cientÃfico, arrumando outra desculpa sobre porque os robôs de treinamento
estavam demorando tanto para ser consertados. Se fosse a mãe (e não podia
deixar de tremer ao pensar nisso), ele provavelmente seria vÃtima durante horas
de interminável entusiasmo por cuidados domésticos e sobre como as plantas
eram o alÃvio da alma e como floresciam com o cuidado certo, antes dela
sair rodopiando num estado de alegre insanidade até Vegeta ter vontade de
quebrar e matar alguma coisa, ou então ela começaria a cantar, a despeito da
hora tardia.
A
porta da cozinha abriu em silêncio
_Vegeta?
Houve
silêncio quando uma delicada silhueta postou-se na porta aberta.
_Você
está a�
Adequadamente,
ele não respondeu. Talvez se ficasse quieto ela o procuraria em outro lugar e
ele ficaria livre de ser torturado pela proximidade dela. Droga! Tinha de ser a
filha! Talvez, de todos, ela fosse a pior, por pelo menos ele podia decifrar os
outros. Levava vantagem sobre todos e os olhava de cima como sabiam que
mereciam, porém ela... Bulma... bem, ela era muito diferente. Ela o confundia,
e embora fosse tão irritante e enlouquecedora numa base diária, fazendo-o
orgulhar-se de seu próprio autocontrole e superioridade mental, também era muito
atraente.
_Sei
que está aÃ._ a voz dela era amena, porém severa ao mesmo tempo _Estou vendo a
comida na mesa.
_O
que você quer!_ ele cuspiu, sem conseguir ficar calado mais tempo.
Houve
um zumbido quando os dedos apertaram o botão e as luzes da cozinha acenderam.
Instintivamente, Vegeta encolheu-se, enquanto seus olhos se ajustavam à luz,
pestanejando com a luz.
_Você,
é claro!_ ela respondeu, caminhando até ele gentilmente _Por que mais eu o
chamaria pelo nome?
_Está bem! O que quer de mim? _ ele corrigiu _Estou avisando, é bom
que seja importante, ou vou destruir a luz e você, por ter se intrometido sem
convite no meu momento!
Sem fazer caso da ameaça, Bulma puxou uma
cadeira, e Vegeta notou que ela usava uma camiseta curta e decotada e uma
simples calça de pijama de algodão branco, enquanto se debruçava dramaticamente
sobre a mesa.
_É
essa maldita festa de Halloween que estou tentando organizar_ suspirou.
Normalmente,
Vegeta teria se levantado e saÃdo com a menção de um assunto tão
insignificante, porém sua mente já estava envolvida, já que a posição dela
oferecia uma visão do decote que não podia ser ignorada.
_Está
me deixando maluca! Quero dizer, a Corporação Cápsula tem uma reputação a
zelar, e eu também! Eu sempre dei as melhores festas de Halloween na Cidade do
Oeste, mas minha inspiração tinha que tirar férias este ano, até eu
lembrar que o que precisava estava bem debaixo do meu nariz. _deu um grande
sorriso, abanando as pestanas _Você!
_O que tem eu?_ ele rosnou, empurrando seus pensamentos para o fundo.
_Bem, do jeito que as coisas são, eu diria que você consegue ser bem
assustador, Ã s vezes.
_Só
às vezes? _ ele acusou, erguendo uma sobrancelha ameaçadora.
_OK,
a maior parte do tempo _ela concedeu _Mas é disso que estou falando! Você deve
ter visto mais coisas que a maioria das pessoas comuns (incluindo eu mesma) não
poderia nem começar a entender. _ _Em outras palavras, você deve ter
testemunhado acontecimentos que me matariam de susto. Acho que se existe alguém
capaz de fazer uma festa de Halloween memorável, é você. Estava pensando se
talvez pudesse me ajudar.
Vegeta
não pôde deixar de rir com a sugestão.
_Mulher,
eu tiraria isso da cabeça agora mesmo. Posso lhe dizer que no dia em que
me fizer participar de algum patético feriado humano será também quando o
inferno congelar*. Meu tempo é somente meu e vou gastá-lo fazendo apenas o que
considero importante.
_Aah...
por favor, Vegeta, você nem me deu uma chance de explicar e além do mais achei
que você adoraria uma chance de apavorar uma sala cheia de humanos
desprevenidos.
_Então
pensou errado. Tenho coisas mais importantes em que me concentrar, como
alcançar o nÃvel de força de meus legendários ancestrais para poder eliminar os
andróides e um certo Saiyajin de terceira classe... preciso lhe fazer uma
lista?
_Não
é que você tenha que vir à festa... Só quero um pouco de inspiração... por
favooooooor?
Vegeta
inclinou-se olhando no rosto dela de um jeito que Bulma teria de entender,
enquanto rosnava a palavra "Não" com um tom
tão que qualquer outra pessoa comum esqueceria
imediatamente o assunto.
Bulma,
entretanto, era tudo menos comum, e quase imediatamente seu sorriso sumiu
enquanto as sobrancelhas finas se juntavam ameaçadoramente.
_Ugh!
Você é tão insuportável, às vezes! _virou-se com o nariz empinado, e fios de
seu cabelo cor de água bateram desafiadoramente no rosto de Vegeta.
_Está
bem!_ cedeu depois de um minuto de silêncio, as linhas de sua boca se
transformando num sorriso maldoso _Se não quer se incomodar, não importa. Eu
farei todo o trabalho braçal. Não vai atrapalhá-lo nem um pouquinho. Só preciso
da sua permissão para espiar nos arquivos de memória da sala de gravidade.
Imagino que você tenha gravado bastantes coisas lá quando usou a nave para
perseguir Goku no espaço, pra me ajudar.
_Vai
perturbar meu treinamento?
_Nem
um pouco... imagino que você já tenha terminado por hoje?
_Infelizmente...
sim.
_Então
vou fazer isso agora mesmo. Tenho folga amanhã, por isso não vai me causar
nenhum problema.
_Se
isso quer dizer que vai me deixar em paz, então faça como quiser. _ furioso,
ele atirou um pedaço de plástico em forma de cartão de crédito sobre a mesa
_Agora, suma antes que eu mude de idéia!
O rosto de Bulma se iluminou, seus olhos vivos
com um ar travesso.
_Obrigada,
Vegeta!_ atirou os braços em torno do pescoço dele e beijou-o no rosto _Esta
vai ser a melhor festa de Halloween do mundo!
Vegeta
ficou imóvel quando o corpo dela pressionou-se momentaneamente contra o seu.
Era uma mistura de surpresa quando a pele suave que entrou em
contato com seu abdômen igualmente exposto, e desejo quando os lábios quentes
dela tocaram seu rosto duramente talhado. Qualquer contato com outra pele, sem
ser durante uma luta, era extremamente raro para ele, e ainda mais raro
apreciar esse contato, mas sabia que não podia se deixar levar. O rubor deixava
claro seu embaraço, porém os olhos de Bulma já estavam voltados para a porta e
para sua nova missão.
O
planeta inteiro parecia ter uma tendência para falsos gestos de afeição. Para
os terrestres, aquela proximidade corporal era rotineira e importava muito
pouco. Já tinha visto a mulher tocar o carteiro daquele mesmo jeito quando ele
lhe trouxera uma carta especialmente importante... ela era simplesmente
assim.
Ignorando
o fato que sua carranca havia aumentado com esse pensamento, continuou a
olhá-la confuso, até que ela se afastou e com um constrangido " Hum... vou
deixar você em paz agora " foi até a porta e saiu praticamente correndo
pelo gramado escuro até a câmara de gravidade.
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A
grande estrutura se destacava sombriamente no cenário, contrastando com as
suaves luzes de segurança da Corporação Cápsula e impunha sua autoridade
numa sombra dramática contra as suaves linhas dos prédios existentes. O rosto
de Bulma endureceu quando a brisa fria da noite soprou em suas faces ardentes.
_Droga,
Bulma, você tem de se controlar perto dele._murmurou _ Mas pelo menos, consegui
o cartão-chave.
Correu
os dedos de leve pelo metal liso da sala de gravidade, tentando achar o trinco
pelo tato; durante todo esse tempo, sua resolução esmorecia. Não é que não
tivesse um motivo perfeitamente válido para pesquisar a extensa memória do
computador, mas não podia deixar de se sentir culpada pelo duplo motivo que a
levara tão longe.
Determinada,
abanou a cabeça; isto era algo que definitivamente precisava fazer. Era tão
fácil esquecer que estava perto dele o tempo inteiro, comendo, bebendo,
dormindo sob o mesmo teto que ele... Ver aquele corpo, ouvir sua bela voz de
barÃtono, ser vÃtima daqueles olhos que pareciam esconder tanto, que chegavam
até ela e dilacerando sua alma. Não agüentava mais! Estava deixando-a maluca,
pois era Vegeta, pelo amor de Deus!
Isto
não fazia parte do seu plano de convidá-lo a ficar na Corp. Cápsula. Fora
somente para mantê-lo na Terra por tempo bastante para ter outro membro
disponÃvel entre os guerreiros Z; agora era uma grande confusão, porque sentia
que estava se apaixonando por ele. Não da maneira como se apaixonara por Yamcha;
embora o amasse, era quase um impulso natural que puxava fios invisÃveis de
conexão, impelindo-a a estar perto dele, dizendo à sua vontade que precisava
dele, e isso era algo em que nem queria pensar.
Precisava
se lembrar de quem ele era. Um assassino de milhões... um animal, nascido e
criado para matar, e que, se tivessem lhe dado a chance, teria destruÃdo a
Terra sem hesitação. Não se permitiria se tornar uma vÃtima, tinha que
prevalecer, imunizar-se da beleza que via nele e lembrar-se de que ele era um
assassino, tudo o que desprezava e odiava. Deteria essa paixão antes que
ficasse inteiramente fora de controle!
Havia
algo que se remexia de modo antinatural no fundo de seu estômago
enquanto a grande porta cedia, permitindo-lhe o acesso à grande estrutura
abobadada. Não foram somente as meias-mentiras que tivera de contar para chegar
tão longe, (dizê-las era apenas uma nova forma de arte, quando manipuladas por
sua mente intrincadamente perceptiva) e sim o odor que inundava suas narinas.
Ele fluÃa gentilmente por seu corpo, encapsulando uma essência primitiva,
básica e masculina que não era de modo algum agradável. Para ser perfeitamente
honesta, causava em Bulma o efeito oposto à repulsa, e teve de se censurar para
não dar uma segunda inalada apreciadora , já que não havia dúvidas de que cheirava
a Vegeta.
Fechando os olhos e endurecendo-se contra as
sensações que o cheiro criava enquanto ela se movia, lembrou-se de trancar a
porta por dentro para não ser apanhada espiando. Com cuidado, seus dedos
percorreram o intricado teclado enquanto procurava o botão que lhe permitiria
usar os arquivos pessoais de Vegeta. Um arrepio desceu-lhe pela espinha,
como se por algum motivo a tarefa para a qual dolorosamente se preparara fosse
excitante. Talvez porque Vegeta fosse tão reservado o tempo inteiro. Ele
raramente falava de si mesmo e de sua curta visita ao espaço depois de Namek
era uma área sobre a qual ele mantinha silêncio em especial.
Receber mais que uma resposta monossÃlaba a
qualquer pergunta que lhe fizesse era quase impossÃvel, e aqui estava ela com
um cartão-chave que podia abrir uma caixa de Pandora de encrencas, porém, mais
importante: lhe daria percepção sobre seu mais que incomum hóspede.
Erguendo a cabeça, pressionou Enter e olhou para a grande tela que tomava vida,
numa altura bem ao nÃvel dos olhos. Era isto. Este era o momento em que
descobriria tudo de uma vez por todas. Nervosamente, voltou para o computador e
concentrou-se na multidão de arquivos que agora eram oferecidos.
Surpreendentemente, havia mais ali do que
imaginara que o Saiyajin fosse capaz. Sabia que ele usara o computador para
arquivar discrepâncias importantes na nave para o caso do pai dela consertar,
se precisasse usá-la de novo, mas não fazia idéia de que ele também mantinha
arquivos pessoais. Agora sua ética travava uma guerra com a razão. Uma lhe dizia
que ela não tinha o direito de espiar aqueles arquivos e a outra a presenteava
com a tentação e possÃveis revelações que nunca seriam reveladas de espontânea
vontade.
O cursor parou por alguns segundos sobre um
dos arquivos da seção rotulada como “particular”, talvez por tempo demais.
Bulma lambeu os lábios, o coração galopando. Tudo o que tinha de fazer era
clicar naquele Ãcone e saberia de tudo, porém sua mão hesitava. Era longe
demais, até mesmo para ela; ele tinha direito à sua privacidade, não importava
o que tivesse feito no passado! De má vontade, moveu o cursor para os arquivos
de vÃdeo da câmera externa da nave. Aqueles arquivos eram imensos e numerosos,
afinal, ali havia cinco meses de registros coletados. Bulma suspirou. Levaria a
vida toda para achar o que precisava. Tinha de haver um sistema que pudesse
usar para descobrir que vÃdeo seria relevante. A última coisa que queria era
passar a noite apressando com “FF” semanas de nada a não ser as estrelas no
espaço.
Então, como um golpe entre os olhos, seu cérebro
lhe disse o que fora ignorado antes. Com certeza, se comparasse as datas em que
o computador automaticamente logava quando a nave estava desativada,
conseguiria as datas de quaisquer aterrissagens planetárias. Bulma exultou. Ela
era um gênio! Catar e numerar todas as datas levou pouco mais que dez minutos
até achar todos os arquivos relevantes.
_OK_ murmurou _ qual o primeiro, Bulma? Bem, este
tem a data mais antiga, por isso acho que é lógico olhá-lo primeiro!
Sem pensar duas vezes, o botão foi pressionado e
Bulma apoiou-se no computador, as pernas puxadas sobre o peito, fazendo o
mÃnimo contato possÃvel com o chão frio, e assistiu. Pouca coisa poderia
prepará-la para o que iria ver.
Não, não parei com a tradução
de Gênio InvisÃvel. Acontece que voltei recentemente a ler fanfics em inglês, e
fiquei tão impressionada com essa história que decidi ir traduzindo aqui e ali,
entre um capÃtulo de GI e outro pedaço de alguma fic minha (o fato dela ser bem
curtinha também foi relevante). Foi mais rápido que esperava. Não se deixe
enganar pelo comecinho “leve”, essa história é completamente diferente de tudo
o que vocês já viram sobre BVs “três anos”.