InuYasha observava Kagome dar dois passos lá, dois para o outro lado ensaiando totalmente desajeitada aquela dança estranha ao som de uma música que a própria garota cantarolava.
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– Esse negocio aà que você vai é muito importante? – InuYasha perguntou emburrado.
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– Não é um ‘negocio’, InuYasha – Kagome respondeu após girar os olhos. – É um festival de outono! Estou tão ansiosa! Vai ser muito divertido. Só que eu não sei dançar, e eu não queria passar feio.
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– Quanto tempo você vai ficar na sua Era? – InuYasha tornou a perguntar, mas agora bem irritado.
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– Nem comece, InuYasha, nós já discutimos isso! – Kagome retrucou no mesmo tom, fazendo com que o meio youkai encolhesse o corpo. Quando Kagome se irritava ficava incrivelmente mais assustadora que qualquer outro inimigo que já enfrentara. – Eu estou cansada, todos estão! Precisamos de um tempo para descansar e nos distrair! Se você quer ficar emburrado aà no canto que fique, eu vou me divertir com as minhas amigas no festival!
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– Por acaso aquele idiota do Boujo também vai? – InuYasha perguntou erguendo levemente a sobrancelha.
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– É Houjo! – Kagome o corrigiu após um suspiro. – E sim, ele deve ir.
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– Eu vou com você!!! – InuYasha exclamou levantando-se de uma vez e quase derrubou a garota por causa do susto que ela levou.
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– Você não disse que era uma bobagem, InuYasha? – Kagome falou erguendo levemente a sobrancelha.
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– Sim, mas fiquei curioso para saber dessa história de festival! – InuYasha mentiu, mas não mudou o seu tom.
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– Eu não preciso de um guarda-costas! – Kagome exclamou irritada.
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– Mas as suas amigas pensam que nós somos namorados! – InuYasha disse com um leve sorriso que desarmou a garota por completo.
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– O que tem? – ela disse assim que se recompôs. – Eu digo que terminei o namoro com o cara violento!
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– Violento? – InuYasha repetiu estreitando os olhos.
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– E outra, você só iria me fazer passar vergonha, InuYasha! – Kagome exclamou batendo levemente o pé. – Você não consegue se controlar em publico, e, além disso, não sabe dançar!
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– E você vai querer dançar com o Boujo? – InuYasha perguntou entre os dentes.
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– É Houjo! – Kagome exclamou irritada. – E sim, se ele me convidar para dançar, eu irei!
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– Não vai não! – InuYasha resmungou enciumado.
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– Vou...
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– Não...
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– Quer parar de mandar em mim?
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– Não vai e ponto!
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– SENTA! – Kagome gritou para realmente por um ponto final da discussão. – Se não quer que eu dance com ele então você vai ter praticar comigo! Por que eu não chegar lá e ficar em um canto!
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InuYasha resmungou qualquer coisa que ela não entendeu enquanto se levantava.
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– Anda logo antes que eu desista – InuYasha disse por fim. – O que as pessoas do seu tempo dançam?
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Kagome sorriu enquanto se aproximava dele. InuYasha ergueu levemente a sobrancelha, e não pode evitar de corar quando sentiu Kagome segurar uma das suas mãos e colocá-la em volta da cintura fina e delgada dela.
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– Preste atenção, InuYasha, você é muito lento para aprender certas coisas – Kagome disse e como resposta ganhou uma cara feia do meio youkai. – Há uma dança lenta chamada valsa. Nós dois dançamos juntos assim mesmo, três passos para um lado e três para o outro, lentamente, entendeu?
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– Parece chato! – InuYasha resmungou emburrado.
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– Você se ofereceu para ir comigo, agora agüente! – Kagome retrucou segurando a mão dele com mais força.
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InuYasha grunhiu baixinho e começou o “Um, dois, três” pra lá “Um, dois, três” para o outro lado. Só que no meio do caminho, entre o dois e o três, InuYasha pisava diversas vezes no pé de Kagome que por sua vez quase o ‘obrigava’ a sentar por causa da dor que sentia. Mas, aos poucos, ele foi pegando o jeito e as ‘pisadas’ no pé da garota começaram a diminuir. Depois de algum tempo ela encostou sua cabeça no peito dele e ficou apenas deixando que ele a guiasse.
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Quase nunca tinham um momento de paz como aquele. Sempre estavam brigando por causa de alguma bobagem, ou então os outros estavam por perto e só o que InuYasha conseguia ser na frente dos demais era insensÃvel. Kagome tentava se acostumar com aquele jeito de InuYasha, mas tinha que admitir que adorava quando estava sozinha com ele e aquele lado menos agressivo surgia.
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Ela sorriu ao notar que InuYasha estava concentrado e aprender a dança. Às vezes ele conseguia a surpreender com aquele jeito tão dedicado que ele tinha até com coisas que não eram tão importantes.
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– Ei! – o meio youkai exclamou emburrado parando abruptamente e afastou para encará-la com um quê de raiva. – Você não tinha dito que não sabe dançar? Como é que pode me ensinar?
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– É... Que... – Kagome murmurou sem jeito enquanto se afastava um pouco mais.
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– Não me enrole, Kagome! – InuYasha disse irritado.
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– Na verdade – Kagome disse hesitante. – Não é bem valsa que se dança em um festival na minha Era.
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– Como é? – o meio youkai estreitou ainda mais os olhos.
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– Valsa não é uma dança exatamente nova, é do tempo da minha mãe, mais antiga ainda, do meu avô, talvez – Kagome explicou tomando mais distancia ainda.
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– Então para que disse que é isso que vocês dançam? – InuYasha perguntou em um tom mais ameaçador ainda, fazendo com que Kagome desse mais dois passos para trás.
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– Porque eu achei que ia ser bonitinho você dançando valsa! – Kagome disse num fôlego só.
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– Kagome... – InuYasha começou a falar em um tÃpico tom de “Eu vou matar você!”.
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– Tem mais uma coisa – Kagome continuou. – Não vai ter festival nenhum, foi só invenção minha.
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– O quê???! – InuYasha gritou revoltado.
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– Uma ultima coisa, InuYasha – Kagome disse preparando-se para correr. – Senta!!! – e correu antes que ele levantasse.
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Ela riu da cara de indignação que ele fez, mas tudo que dissera era apenas a mais pura verdade. Ele não iria querer dançar com ela se não ficasse enciumado por algum motivo, e pelo menos agora ele já sabia dançar valsa, que não era um tipo de dança tão em desuso assim, continuava sendo dançada pelos noivos nas festas de casamentos.
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Imediatamente ela parou de correr, e ficou pensativa. Desde quando pensava em se casar? E ainda mais com InuYasha?
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– Ka-go-me!!! – InuYasha exclamou furioso. Ela deu um grito e voltou a correr. Ainda teria muito tempo para pensar em casamento, bailes e valsas. O primeiro passo já havia sido dado. Mas apenas o futuro iria realmente dizer se os sonhos dela se concretizariam.