Era Domingo e depois de um passeio no shopping, Sakura e Tomoyo, ambas com 15 anos de idade, estavam retornando para a casa da primeira e ao entrarem na residência dão de cara com Touya servindo dois pedaços de bolo á mesa.

SAKURA – Já chegamos!

TOUYA – Estou vendo. (ele se afasta da mesa) - Eu não sou cego.

Touya se afasta da mesa para ir até porta a fim de sair, mas antes disso, Sakura se manifesta.

SAKURA – Touya!

TOUYA – O que foi, monstrenga?

Touya disse isso com um sorriso no canto dos lábios, pois ainda gostava de chatear a irmã mais nova, por outro lado, Sakura ainda se irritava, mas naquele momento uma coisa ainda a intrigava.

SAKURA – Não vai comer o bolo? (observando os dois pedaços de bolo que ele colocou em cima da mesa)

TOUYA – Mas como as monstrengas são lentas de raciocínio. (sorrindo mais ainda)

SAKURA – Touya!

TOUYA – Não está vendo que são para vocês duas. Eu sabia que estavam chegando e pensei que gostariam de saborear esse bolo. Foi o papai que fez.

Apesar de sempre implicar com a irmã, Touya, da sua maneira, sempre foi gentil e atencioso com ela, mas o que a deixava intrigada era descobrir como o irmão conseguia perceber sua presença mesmo depois de perder seus poderes. Agora que ele sabia de tudo, ela podia falar sobre o assunto abertamente.

SAKURA – Como você faz isso?

TOUYA – Eu já disse que foi o papai que fez o bolo e...

SAKURA – Deixa de ser sonso, Touya! Não estou falando do bolo e sim de como consegue perceber minha presença.

TOUYA – Então é isso?!

SAKURA – Sim! Agora me diz como consegue saber minha presença.

TOMOYO – Por acaso recuperou seus poderes?

TOUYA – Não. (fechando os olhos)

SAKURA – Então como consegue?

Touya abre os olhos e fica olhando para as duas atentamente. Um pouco para Tomoyo e depois um pouco para Sakura até que finalmente resolve falar.

TOUYA – Isso é segredo, monstrenga.

Depois de mais uma vez implicar com a irmã, Touya abre a porta para sair de casa, deixando Sakura ainda mais curiosa para saber o segredo do irmão.

SAKURA – Como acha que ele faz isso?

Sakura fez uma pergunta retórica, mas mesmo assim ficou esperando uma resposta de Tomoyo e como isso não veio, olhou para ela e notou que ela estava estática olhando para a porta.

SAKURA – Tomoyo! Tomoyo!

TOMOYO – Hã?!

SAKURA – Você está bem? Parece distraída.

TOMOYO – Desculpe-me Sakura. Eu não prestei atenção no que disse.

Isso realmente era surpreendente para Sakura, pois a amiga/prima lhe dedicava total atenção e não ser o objeto de distração dela era algo novo, mas o que Sakura nem imaginava era que Tomoyo estava apaixonada pelo seu irmão. Algo similar ao que Sakura sentia por Yukito. Nem a própria Tomoyo sabia quando começou a se sentir assim por Touya. Sabia apenas que sentia.

SAKURA – Já que meu irmão fez essa gentileza, vamos comer o bolo. (sorridente) – Eu vou fazer um chá para bebermos e...

TOMOYO – Melhor deixar para a próxima oportunidade, Sakura. Minha mãe tem algo urgente para falar comigo. Acho que é sobre uma viagem que ela quer fazer.

SAKURA – Poxa Tomoyo. Se você tinha um compromisso urgente com sua mãe, não precisava perder seu tempo me acompanhando até aqui.

TOMOYO – Ficar com você não é perder meu tempo, Sakura. É um enorme prazer.

Mesmo um pouco chateada com aquela situação, Sakura sorriu para amiga, se despedindo dela. Apesar de estar sendo verdadeira com a amiga quando dizia que era um prazer ficar com ela, Tomoyo tinha mais um motivo para ir até a casa de Sakura. Ela queria ver Touya. De uns tempos para cá era sempre assim. Qualquer assunto que ela soubesse que Sakura tinha com o irmão, ela queria estar junto. Tudo para ficar perto dele. Mesmo que ele nunca a visse além de uma amiguinha da irmã mais nova. Tomoyo não se importava. Ela queria apenas estar perto dele.

TOMOYO – A gente se vê amanhã na escola.

SAKURA – Claro. Tchau Tomoyo e...

Sakura para de falar ao perceber que Kero estava comendo um dos bolos e por isso foi brigar com ele. Tomoyo apenas riu dessa cena para em seguida sair da casa da amiga. Ao fazer isso ela vê Touya, de costas para ela, mexendo na bicicleta dele em frente ao portão. Ela tinha que passar por ele para ir embora. Sentia o coração disparar á medida que se aproximava dele e naquele momento, mesmo estando de costas para ela, ele se manifesta.

TOUYA – Já vai, Tomoyo?

Tomoyo ficou surpresa, pois Touya fez novamente. Ele percebeu a presença dela. Assim como Sakura, ela também estava intrigada com aquela capacidade do amigo de Yukito.

TOMOYO – S-Sim. (um pouco nervosa)

TOUYA – Espero que tenha gostado do bolo.

TOMOYO – Eu não cheguei a provar, pois Kero chegou antes. Sakura deve estar brigando com ele agora. (sorrindo)

TOUYA – Esses tipos são amigos da monstrenga. (ele deixa de mexer na bicicleta e olha para Tomoyo) – Mas você é exceção, Tomoyo.

Touya abriu um sorriso ao falar aquilo fazendo com que Tomoyo sentisse o sangue se agrupar na região das bochechas e soltasse um sorriso menos tímido. A amiga de Sakura olhou para o lado a fim de não encará-lo devido á vergonha.

TOMOYO – Então eu já vou indo e...

TOUYA – Você não quer saber?

TOMOYO – Saber o que? (surpresa)

TOUYA – Como eu, mesmo sem meus poderes, sei que Sakura está se aproximando.

Além da paixão que sentia pelo irmão mais velho da amiga, Tomoyo tinha essa curiosidade. Não que isso tirava-lhe o sono, mas saber qualquer coisa do seu amado era algo importante.

TOMOYO – Você vai me dizer?

TOUYA – Sim, mas com uma condição.

TOMOYO – Qual?

TOUYA – Não pode falar para Sakura. De jeito nenhum.

TOMOYO – Eu não sei se consigo. Sakura é minha melhor amiga. Não escondo nada dela.

TOUYA – Não mesmo?

A maneira como Touya fez aquela pergunta deixou Tomoyo um pouco intimidada, pois ela escondia algo da amiga sim. Era o amor por Touya. Não sabia por que, mas não se sentia á vontade em falar isso com ela, mesmo sabendo que Sakura iria entender. Afinal Sakura já sentiu isso por Yukito.

TOMOYO – Desculpe-me. Vou indo e...

TOUYA – É seu perfume.

TOMOYO – O que?!

TOUYA – O segredo. (ele se aproximou dela) – É graças ao seu perfume que sei quando Sakura se aproxima. (ele sorri) – E vocês andam sempre juntas o tempo todo desde que aquele moleque chinês voltou para Hong Kong.

Tomoyo ficou impressionada e surpresa com as palavras de Touya ficando vermelha dos pés até a cabeça. Ela nunca poderia imaginar que ele prestasse atenção no perfume que usava.

TOMOYO – Meu perfume?

TOUYA – Sim. Consigo senti-lo á distância.

Touya se aproximou ainda mais de Tomoyo aproximando seu rosto ao dela para aplicar-lhe um suave beijo em seus lábios para em seguida pegar sua bicicleta e sair dali deixando Tomoyo paralisada com o gesto.

TOMOYO – Ele me beijou. (tocando os lábios com os dedos) – Ele me beijou.

Tomoyo fazia isso enquanto observava Touya desaparecendo no horizonte. Ela não podia acreditar no que estava acontecendo. Touya sentia algo por ela. Tomoyo começou a andar lentamente para ir para casa, agradecendo mentalmente á mãe pelo perfume que ganhou. Ele tinha sido responsável, indiretamente, por seu primeiro beijo. Um beijo que jamais esqueceria, pois foi um beijo daquele que amava em segredo.

FIM