(Depois da confissão de Kaoro a Luna, o clima entre os dois ficou um pouco tenso. Ela imaginou que ele ainda estivesse triste por causa das lembranças da morte do amigo, mas a verdade é que o verdadeiro motivo pelo qual Kaoro estava triste e confuso era outro completamente diferente.)
- Bom dia, mundo e todos que habitam ele! disse Haward, aparecendo no jardim para poder almoçar.
- Bom dia, Haward. disse Sharla, abrindo um sorriso gentil.
- Uh! O preguiçoso acordou de bom humor! zombou a gatinha cor-de-rosa.
- Cala a boca, comedora de ratos!
- Na verdade, - disse a gata, esticando os bracinhos sobre a mesa de madeira Minha dieta é só de glicose...
Haward revirou os olhos e se sentou em uma cadeira vaga ao lado de Bell. Percorreu a mesa com os olhos verdes e disse:
- Sopa?!
- Sim, Haward! disse Luna.
- Mas nós comemos sopa ontem! reclamou o garoto.
- Pelo menos temos algo para comer! Agradeça! insistiu a ruiva.
- Hunf! Ih! Olha! É o Kaoro! disse o loiro, olhando para a porta do cercado de metal Ei, Kaoro! Trouxe comida?
Kaoro trazia alguns peixes. Deitou a caça sobre o gramado e caminhou até a casa na árvore.
- Aquele peixe é meu! disse Haward, apontando para o maior de todos.
- Deixa disso, Haward! disse Luna Ei, Kaoro! Venha almoçar com a gente!
- Estou sem fome! respondeu o garoto, sem olhar para trás.
Kaoro subiu para a casa na árvore e não desceu mais. Haward balançou os ombros e começou a se servir de sopa.
Menoly levantou-se e pegou os peixes. Deixou-os em um toco de madeira para limpá-los depois.
- Bem, vamos comer? perguntou a violinista.
- Já convida tarde! disse o loiro, já tomando a sopa.
- Que mal educado! retrucou Luna.
Menoly voltou a se sentar ao lado de Sharla, que também se servia. Adam, que estava ao lado de Luna, soprava a sopa quente.
- Ei, Luna! disse Haward Duas tigelas?
- Esta é para o Kaoro. explicou a ruiva, ficando de pé Menoly, cuida da minha tigela, por favor.
- Claro. disse a garota, sem despregar os olhos de Haward.
- Hunf! fez o loiro.
Luna subiu até a casa da árvore, tomando cuidado para não derramar sopa. Encontrou Shingo sentado na mesa da varanda, trabalhando em um projeto novo.
- Shingo! O almoço está pronto! Desça!
- Tá! ele respondeu, deixando os papéis de lado e descendo.
- Esse Shingo... riu Luna Só pensa em tecnologia... Kaoro!
Ele não respondeu. A ruiva olhou em volta, procurando pelo amigo. Encontrou-o no quarto dos garotos.
- Coma alguma coisa. disse.
- Não quero! disse Kaoro.
Ele estava deitado de lado na cama dos fundos do quarto, de costas para ela. Luna não se deixou intimidar por sua frieza. Caminhou até ele e se sentou na cama.
- Trouxe seu almoço!
- Já disse que não quero! ele exclamou, dando um tapa na tigela, que voou longe.
- Kaoro... murmurou Luna, assustada.
Kaoro fechou os olhos e suspirou. Murmurou baixinho o nome da ruiva. Ela se aproximou, mas ele não disse nada.
- Esquece! disse o garoto.
Ele se levantou e saiu do quarto, deixando Luna sozinha. A garota inspirou fundo, ficou de pé e correu atrás do amigo.
- Kaoro! berrou, agora na varanda.
Ele parou, mas não olhou para trás. Luna suspirou e, reunindo toda a sua coragem, disse:
- Não precisa ser assim, Kaoro! Somos seus amigos! Venha almoçar com a gente!
- Não quero...
- Kaoro!
- Não quero! ele berrou, virando-se para olhá-la.
Luna deu um passo para trás, mas não mudou sua expressão. Kaoro suspirou e caminhou até ela.
- Luna... sussurrou, passando a mão em seu rosto.
Ka...Kaoro?
Luna não soube o que pensar. Olhou o amigo nos olhos e, tudo que viu foi um poço escuro e sem fundo.
- Eu... ele disse, brincando com seu cabelo.
- Kaoro? ela disse, sentindo todo o ar sair de seus pulmões.
- Luna! berrou a voz de Menoly lá embaixo Rápido! Seu almoço vai esfriar!
- Já vou! disse a ruiva, desviando-se do amigo Er... Kaoro?
Ela voltou a olhá-lo. Sua expressão permanecia indecifrável. Kaoro virou-lhe as costas e sumiu em um quarto qualquer.
- Luna! berrou Menoly.
- Já vou! disse a ruiva de olhos azuis, balançando a cabeça para espantar o rubor.
A garota rapidamente desceu para o jardim e se sentou entre Menoly e Adam. Ria e conversava com todos.
Em determinado momento, olhou para a varanda da casa e viu Kaoro. Mexeu os lábios como se dissesse venha. Ele a encarou e depois virou-lhe as costas, sumindo mais uma vez.