O bebê por Jude Melody


 

O bebê

Ficwriter: Jude Melody
Pokémon - drama - what-If
12 anos - completa


            May não conseguia acreditar no que estava acontecendo, mas as evidências eram óbvias demais para serem ignoradas. Sentada na cama de um dos quartos do Centro Pokémon da cidade de Goldenrod, ela se perguntava o que fazer em seguida.

            Krystal, sua fiel Glaceon, encarou-a com olhinhos mimosos e cansados e soltou um longo bocejo antes de mergulhar mais uma vez em um doce mundo de sonhos.

            A coordenadora sorriu, feliz por sua raposinha estar bem. Mas isso não mudava a difícil decisão que teria de tomar em breve.

            Ela e Drew iam ter um bebê. Essa estranha e curiosa realidade preenchia sua mente e seu corpo, como o sangue que corria em suas veias. Não adiantava mentir. Não adiantava negar. May precisava conversar urgentemente com seu namorado.

            Tomara sua decisão.

            O seu celular tocou nesse instante, fazendo-a dar um pulo na cama. A coordenadora pegou o aparelho e conferiu o número antes de atender. Não era Drew.

            - Ei, May! – cantarolou Dawn – Soube que está em Goldenrod! Eu estou a poucos quilômetros de distância, em Ecruteak. O Paul estava comigo, mas ele é um idiota, e a gente brigou. Resumindo, estou sozinha e preciso muito fazer compras. Que tal me ajudar a renovar o guarda-roupa? Soube que está tendo uma promoção fantástica de sapatos no shopping de Goldenrod e...

            - Dawn, eu e o Drew vamos ter um bebê. – disse May, sem rodeios.

            A reação do outro lado da linha não foi nada menos do que ela esperava.

            - O quêêêêê?! Sério?! Ai, amiga! Por que não me disse isso antes?! E eu achando que eu tinha problemas!

            - Escute. Aconteceu o seguinte.

            May contou à melhor amiga tudo o que sabia, omitindo poucos detalhes daquela noite maravilhosa em que ela e Drew chegaram ao apartamento dele completamente bêbados e sequer conseguiram encontrar o caminho até a cama. Acordaram no sofá às duas da tarde do dia seguinte e encontraram duas raposinhas igualmente bêbadas no chão. Krystal e Klaude, o Leafeon de Drew.

            - Acho que foi aí que aconteceu. – disse, por fim, resumindo o dilema.

            - Uau, poxa... – era impossível dizer o que Dawn estava sentindo. Parecia um pouco triste e, ao mesmo tempo, surpresa – E o que você decidiu?

            May empertigou-se na cama, apesar de não haver ninguém por perto.

            - Ora, eu vou assumir esse bebê.

            - Tem certeza?

            - Sim, Dawn. Eu o quero. E... Tecnicamente, o Drew não pode me impedir.

            - Tecnicamente, o bebê é seu. – concordou Dawn – Mas o Drew ajudou.

            - Esse é problema! – a garota de olhos safira se conteve por alguns minutos para recuperar a calma – E se a gente brigar por causa disso? E se ele quiser...?

            - Acho que devia falar com a Misty. Afinal, eu acabei de brigar com o Paul porque ele jogou meu batom fora sem querer. Isso não chega nem aos pés do seu problema! Além disso, a Misty namora o Ash, o que requer muita maturidade!

            - Tem razão. Vou ligar para ela. – May assentiu, decidida.

            - E depois disso – o tom sonhador de Dawn já retornara – vamos comprar roupinhas para essa coisinha linda! Já sabe se é menino ou menina?

            - Não faço ideia. Vou desligar agora, Dawn.

            - Tchau, tchau!

            A garota de olhos safira não perdeu um só segundo. Ligou para sua amiga de Cerulean e esperou com o coração batendo acelerado em seu peito. A ruiva atendeu no terceiro toque.

            - Misty Waterflower do Ginásio de Cerulean. – disse aquela voz que já lhe era tão familiar – Em que possa ajudá-lo?

            - Misty! Socorro! Drew e eu vamos ter um bebê!

            - O quê?! – exclamou a líder de ginásio – May? É você? Que história é essa?

            - Aconteceu o seguinte...

            May repassou a história pela segunda vez naquele dia. Poderia ter pedido conselhos direto à enfermeira Joy, mas teve medo de ser julgada. Afinal, a decisão que ela tomara em um tanto... delicada.

            - Hum, May. Acho que devia conversar com ele.

            - Eu sei. Mas e se a gente brigar?

            - Ah, você vai ter de lidar com isso. Fala com jeitinho.

            - Hum, muito fácil! – rebateu May, sarcástica.

            - Ele vai entender. – assegurou a ruiva.

            - E se fosse com você e o Ash? O que você faria? – insistiu a outra, determinada a arrancar respostas mais concretas de sua amiga.

            Misty hesitou antes de responder.

            - Merda. Não tem como enrolá-lo por alguns dias, até eu falar com minhas irmãs e pedir um conselho?

            - Ele vem aqui amanhã, Misty! Não dá para esconder uma coisa dessas, entende?

            - É tão óbvio assim?

            - É. Muito óbvio. Não tem como não ver. Ele só não descobriu ainda porque passou dois meses longe de mim. Estava treinando nas montanhas ou coisa parecida. Ele chega em Goldenrod amanhã e está louco para me ver. – ela engoliu em seco – Isso só piora tudo.

            - Diz que está doente ou sei lá.

            - Se eu fizer isso, aí, sim, que ele vem correndo. – lamentou May. Ela sabia que Drew se preocupava demais com ela. Faria qualquer coisa para vê-la bem.

            - Filho da mãe! – resmungou Misty.

            - Ei!

            - Ah, desculpe. – a ruiva pigarreou – Então, amiga, ferrou. Se é tão óbvio assim, nem adianta disfarçar. Vai dizendo logo.

            - Mas, Misty, e se a gente brigar?

            Desta vez, a hesitação de Misty foi maior.

            - Já pensou em ligar para a sua mãe?

            - Claro que não! Imagina o que ela ia dizer!

            - Ok, ok. Entendi. – ouviu-se um suspiro do outro lado da linha – May.

            - Sim?

            - Boa sorte.

 

            Drew chegou antes do horário marcado, para total descontentamento de May. Ela estava ensaiando seu discurso de frente para o espelho quando alguém bateu à porta. Antes mesmo que ela pudesse responder, o coordenador entrou no quarto correndo e quase atropelou Krystal no caminho.

            - May! – disse, jogando os braços sobre os ombros da namorada – Que saudades de você! Achei que fosse morrer de tanto que sentia sua falta.

            - Ah... Drew... – ela arfou, surpresa.

            Ele tentou abraçá-la com força, mas sentiu algo volumoso na região da barriga. Algo que o separava de sua querida May. Deu um passo para trás.

            - May. – disse baixinho, observando com cautela aquela pequena surpresa que ela segurava nas mãos – O que é isso?

            - Eu queria te contar, Drew. Mas aconteceu de repente e eu não sabia o que...

            - Quando aconteceu? – ele perguntou, alarmado.

            - Naquela noite das bebidas. – ela engoliu em seco – Eu também fiquei surpresa. Mas, Drew... – olhou sua raposinha azul de relance, buscando apoio – Nós vamos ter um bebê!

            Com essas palavras, ela estendeu os braços, deixando o ovo a centímetros de distância do rosto do namorado.

            Drew pegou o ovo com cuidado e o observou intensamente, como se pudesse enxergar o bebê pokémon ali dentro.

            - Correção: Krystal e Klaude vão ter um bebê.

            - Sim, mas eles são nossos pokémons, o que nos torna pais por extensão desse pequeno Eevee. – disse May, sorrindo timidamente.

            - Ah.

            Drew abraçou o ovo, transmitindo a ele o calor de seu corpo. Parecia feliz com a surpresa. Pena que May tivesse de estragar aquela felicidade.

            - Eu quero ficar com ele.

            O coordenador olhou-a sem entender.

            - Perdão?

            - Quero ficar com o Eevee, Drew. – ela disse outra vez, sentindo o rosto esquentar – Eu gostei muito de ter uma Eevee e... quero repetir a experiência.

            Ele continuou a encará-la com seus olhos esmeraldinos. O silêncio preenchia o espaço entre os dois. Após quase um minuto, deu de ombros.

            - Por mim, tudo bem.

            - Ah! – May soltou um gritinho e enlaçou o namorado pelo pescoço – Obrigada, Drew! Eu te amo! Eu te amo!

            - Ei! – ele grunhiu, resistindo aos beijos dela – Cuidado! Vai deixar o ovo cair.

            - Ah, desculpe! – ela pulou para trás e abriu um sorriso luminoso.

            Drew sorriu também e se agachou para fazer carinho em Krystal. Colocou o ovo no cesto em que ela dormia.

            - Meus parabéns. Você agora é mãe.

            - Cion! – ela agradeceu, balançando a cauda.

            O coordenador libertou seu Klaude e deixou que as duas raposas conversassem. O Leafeon quase teve um troço ao descobrir que era pai. Olhava de Glaceon para o ovo e deste para Glaceon de novo.

            - On... – disse baixinho. E desmaiou.

            - Oh! – May levou as mãos aos lábios.

            - On! – fez Glaceon, cutucando o “marido” com o focinho.

            Drew, por sua vez, soltou uma sonora gargalhada.

            - Ei. – chamou a namorada, segurando sua mão – Vamos deixá-los a sós, está bem?

            - Sim.

            Eles foram para o quarto ao lado, no qual Drew pretendia se instalar. O garoto tirou a mochila dos ombros e a jogou de qualquer jeito no chão. Virou-se para May.

            - Só uma pergunta, por que quer tanto o Eevee?

            Ela hesitou, tímida.

            - Eu achei que seria legal ter um Sylveon para concursos.

            Ele balançou a cabeça, rindo.

            - Está bem. Mas o próximo ovo será meu.

            - Drew! – ela exclamou, sentindo as bochechas ficarem vermelhas.

            - Eles se amam, May. – Drew deu de ombros – É provável que tenham mais filhotes.

            - Sim, eu sei... Mas... É estranho. – disse, encarando o chão.

            - Muito estranho. – ele concordou.

            Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos. May perdeu-se em pensamentos, mas foi trazida de volta à realidade quando Drew deu um passo para frente e tocou seu queixo com a mão.

            - May? – chamou baixinho.

            - Sim? – ah, o coração dela batia forte demais!

            - Senti saudades.

            Ela abriu um sorriso.

            - Eu também, Drew.

            E com essas doces palavras, eles selaram seu amor com um beijo. Sem bebidas dessa vez.

 

 

















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