Presságio por Jude Melody


 

Presságio

Ficwriter: Jude Melody
HunterxHunter - drama - original
12 anos - yaoi/male slash - completa


Eu deveria ter ido junto. Esse é o único pensamento que me envolve esta noite. Todos dormem, mas eu ainda estou desperto. Minha única companhia é a lua. Eu poderia brincar com as cartas. Poderia jogar um videogame. Poderia até mesmo procurar constelações no vasto céu que me cobre. Mas as nuvens são densas. O videgame está sem bateria. E as cartas desmoronam aos meus pés, escapando por entre meus dedos.

Você estava tão confiante. Tão certo da vitória. Não parou para pensar nas possibilidades. Não parou para pensar em mim. Eu me preocupei por você. Não com você. Por você. Eu me preocupei no seu lugar. Queria ter ido contigo, mas aquele seu sorriso selvagem deixava claro que essa não era uma opção. Você sempre lutou sozinho. Seu orgulho não deixaria você mudar a tradição, não em momento tão tenso, não em uma oportunidade tão única.

Vingança é uma coisa que fazemos sozinhos.

E olha só no que deu! Eu aqui, sentado nestes escombros, olhando a lua vermelha lá em cima. Minha garganta está seca. Meus olhos estão secos. Aprendi desde pequeno que homem não chora. Se sou homem, não sei. Só sei que sou ladrão. Um ladrão que rouba tudo o que quer, menos o que mais precisa. E o que eu mais preciso é você. Agora mais do que nunca. Preciso saber se você está bem, se você está vivo. Eu nem me importaria se ouvisse seu grito de vitória. Qualquer coisa para saber que você está bem.

O Danchou disse para esperarmos você voltar, mas a espera dói. A incerteza dói. Você pode estar em qualquer lugar agora. Eu agi certo quando te dei aqueles endereços? Eu te mandei para morte? Eu... deveria ter ido com você, apesar do seu olhar? Eu deveria. Foda-se o seu orgulho. Eu deveria ter ido junto. Foda-se a sua sede de vingança. Eu deveria ter ido contigo. Fodam-se os meus sentimentos... Eles não são nada perto de você.

Eu sou um ladrão que não consegue roubar o que mais precisa...

Se eu ao menos pudesse roubar você. Ter você perto de mim esta noite... A consciência de que você está bem. A certeza de que você está vivo. Mas eu não posso. Eu não posso... Só posso ficar aqui, sentado, esperando. Desejando que você volte ao nascer do sol, com esse seu sorriso selvagem e os olhos brilhando com a vitória. Desejando que você me erga com um braço, agradecendo minha ajuda. Desejando que você volte... Para a gente... Para mim...

E pensar que minhas últimas palavras foram para que você se cuidasse. Elas eram quase como um presságio. Uma súplica, talvez. Se cuida. Se cuida, tá? Volta para a gente. Nós gostamos de você. Eu... gosto de você. Então, não faz nenhuma besteira. Não se deixe dominar pela vingança. Porque você é o mais forte, mas não é invencível. Porque, se você não voltar, eu vou ficar triste.

Quem... Quem iria me dar um beijo na bochecha só para me provocar?

Ninguém. Ninguém iria. Só você. Então, volta. Volta para me dar um be... Volta para ficar com a gente. Volta para sermos treze de novo. Volta... Porque eu já não sei mais o que pensar ou dizer. Porque eu não sei mais o que desejar. Porque eu não sei mais o que sentir. Eu não quero que esta noite acabe sem você voltar. Não quero jogar cartas. Não quero jogar videogame. Não quero procurar constelações... Então, volta... Eu até deixo você me beijar na bochecha de novo.

E... desta vez... eu não vou reclamar.

 

 

















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