Escolha

Ficwriter: Jude Melody
HunterxHunter - drama - original
12 anos - spoiler - completa


Meus olhos queimam com a dor que se alastra em mim, mas é em meu coração que eu sinto o fogo levantar-se em descontrole. Ele está a meu lado. A pessoa que causou tudo, que me tirou tudo, está bem ao meu lado. Seu semblante ainda parece tranquilo diante da morte. A ameaça que deveria abalá-lo destrói-me por completo.

Eu estou mesmo fazendo isso? Eu vou mesmo fazer isso? Depois de todo esse tempo, de toda essa luta? Cinco anos. Cinco anos de dor, de angústia, de solidão. Cinco anos em que estive perdido. Cinco anos em que não pensei em mais nada além de minha vingança. Minha vida não importa, minha honra não importa, meus sentimentos não importam. Eu sou só o instrumento da memória de meu clã.

Então, por que eu não consigo? Se eu matar o homem que está a meu lado, a Aranha, ela vai... Ela vai deixar de existir, vai desmoronar. Não é esse o meu objetivo? Não é isso o que eu quero? Não é por isso que eu sempre lutei?

Mas... Aquelas palavras ainda ressoam em minha mente. Ele disse que não tinha valor como refém. Senritsu confirmou. Esse monstro aceita a morte. Cumprimenta-a como se fosse uma velha conhecida. A morte paira sobre ele, mas é a mim que ela atormenta. Ele está tranquilo. Eu estou queimando.

A Aranha... Ela pode continuar se movendo mesmo depois de perder a cabeça. O líder não é essencial. Ele não é necessário. Se ele se for, as pernas continuarão se movendo, continuarão guiando esse monstro, essa besta que destrói toda a esperança. Eu o prendi com minha corrente, mas são minhas mãos que estão atadas.

Engulo em seco. Minha respiração beira o descontrole. A meu lado, sinto que Senritsu está tensa. Ela consegue escutar. Ela ouve essa orquestra de caos e de dor que toca em mim. Eu sei. No fundo, no fundo, eu sei. Minha estratégia falhou. Eu não vou alcançar meu objetivo assim. E isso dói. A verdade dói...

Mas eu estou tão perto! Ele está bem ao meu lado. Eu só preciso matá-lo. Deve haver uma alternativa! Algum tipo de milagre que possa me socorrer! Para que meu clã seja vingado, para que a memória seja lembrada, para que todos eles descansem em paz, para que eu, para que eles, para que nós, para que eles sejam finalmente livres. Deve haver uma alternativa...

Não.

Eu não consigo pensar em nada.

Esse é o meu limite. Estou à beira do precipício. À minha frente, eu só vejo o emaranhado de teias... E os meus amigos estão lá. Eles estão lá. E a culpa é toda minha. Fui eu quem os colocou em perigo. Fui eu quem falhei e permiti que eles se entregassem no meu lugar. Fui eu quem quase os matou.

E agora eu preciso salvá-los. Eu preciso recuperar aqueles que são importantes para mim. Meus amigos... Meus únicos amigos... Eles são minha prioridade. São eles que guiam minhas escolhas. Porque, sem a minha vingança, meu coração chora. Mas, sem meus amigos, ele para de bater. O fogo que queima em mim não é páreo para as barreiras dessa amizade. O ódio não supera esse amor que eu acreditei ter partido de meu mundo quando o mundo desabou sobre mim.

Eu não quero mais... Eu não quero mais perder nenhum dos meus amigos!

­— Segunda restrição ­— digo com a voz firme. — Você não pode mais entrar em contato com nenhum membro da Trupe, seja pelo meio que for. Essas são as minhas condições. E, para assegurar o cumprimento delas, eu usarei a Corrente do Julgamento em seu líder. — Faço uma pausa. Sinto minha respiração acelerada, meus olhos flamejando. Quero recuar, mas o único caminho é este, e eu me empurro para a frente. — A escolha é sua. Você aceita minhas condições... Pakunoda?

Ela olha para mim. O momento parece durar uma eternidade. Por um breve segundo, eu tenho a impressão de que ela vai recusar, e o medo de perder meus amigos cai sobre mim, colossal, invencível. Eu poderia morrer agora mesmo. Mas Pakunoa ergue o rosto. E me dá sua resposta.

— Eu aceito.

 

 

















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