No limite da tua voz

Ficwriter: Jude Melody
HunterxHunter - drama - alternaverse
lemon/NC-17 - yaoi/male slash, luta/viol�ncia - aguardando continuação


O corpo do menino estremecia. Na distância, os sons das explosões consumiam o mundo. A luz do sol não tinha forças para alcançar a terra. O dia estava em seu prelúdio, mas a noite reinava. E os olhos do menino estavam vidrados nos escombros. O cemitério da garota que o protegera. Kuroro tinha consciência de que deveria fugir. Os Caçadores corriam pela cidade Meteoro, lançando bombas, desferindo tiros, assassinando a paz. Ninguém sobreviveria à fome deles. Mas... naquela cidade, todos eram ninguém.

As explosões aproximavam-se. Cada vez mais perto, devoravam prédios e pessoas. Seres inanimados alimentando-se de vida. Kuroro sentia o corpo estremecer, mas não era capaz de se pôr de pé. Encolhia-se na penumbra da construção decrépita, abraçando-se em busca de um consolo que jamais viria. Ouviu os passos. Ouviu os tiros. Os Caçadores dominavam Meteoro. Os Caçadores dominavam o medo. O mundo curvava-se a eles.

Kuroro pousou as mãos no chão, sentindo o tremor. O odor da pólvora era o prenúncio de um conceito que ele nunca compreendera. A morte não tem muito sentido aos olhos de uma criança. Abstrata, escapa aos limites de sua imaginação. Mas em Meteoro não era permitido que as crianças tivessem imaginação. Era um depósito humano, o aterro em que todas as pessoas indesejadas eram atiradas para morrer. Elas sobreviviam. Na luta, mas sobreviviam. Durante décadas, foram deixadas à própria sorte. Kuroro não entendia por que os Caçadores estavam ali.

“Eu vou morrer...”

A garota não se mexia. Os olhos estavam abertos, mas ela era só silêncio. Pedras cobriam seu corpo, mas ele estava frio. A garota nunca mais voltaria a falar.

“Eu vou morrer...”

Nunca mais voltaria a sorrir.

“Eu vou morrer...”

Nunca mais voltaria a chorar.

“Eu vou morrer...”

Ela nunca mais.

“Eu vou morrer.”

Kuroro levantou-se. Seus olhos assustados vasculharam o terreno ao seu redor. Ele via os Caçadores aproximando-se. Via as explosões consumindo o mundo. O seu mundo. Kuroro arriscou um passo. E o prédio em que se escondia desmoronou.

 

 



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